O empresário José Berardo e o seu advogado André Luís Gomes foram hoje detidos no âmbito de uma operação que visou "um grupo económico" que terá lesado vários bancos, disse à agência Lusa fonte ligada ao processo.
Em julho de 2019, foram arrestadas cerca de 2.200 obras de arte do empresário e colecionador, entre as quais as 862 existentes no Centro Cultural de Belém (CCB), com as restantes 1.200, do jardim Bacalhôa Buddha Eden, no Bombarral, e da Aliança Underground Museum, nas caves Aliança-Vinhos de Portugal, em Aveiro.
Já as obras arrestadas no Centro Cultural de Belém, encontram-se aqui ao abrigo de acordo estabelecido em 2006, entre o Estado português e José Berardo, para a exibição da coleção de arte moderna e contemporânea do empresário, que possui peças de artistas como Jean Dubuffet, Joan Miró, Yves Klein e Piet Mondrian, que marcaram a História da Arte do último século.
A penhora dos títulos da Associação Coleção Berardo, dados como garantia aos bancos credores de entidades ligadas a José Berardo, por ordem judicial, em julho de 2019, aconteceu dois emses depois de José Berardo ter dito no parlamento que o Estado perdera o direito de compra da coleção de arte, o que viria a ser contrariado pelo Governo.
O Museu Coleção Berardo abriu em 2007 com um acervo inicial de 862 obras da coleção de arte do empresário, cedidas ao Estado, avaliadas nessa altura em 316 milhões de euros pela leiloeira internacional Christie’s.
Em abril deste ano, inaugurou, também na capital, em Alcântara, o Berardo – Museu Arte Deco (B-MAD), com uma exposição baseada nas coleções de Arte Nova e Arte Deco.
O projeto para criação do novo museu reabilitou a antiga residência de veraneio do então Marquês de Abrantes, mandada construir na primeira metade do século XVIII, que tinha como primeira habitação o Palácio de Santos, ou Palácio de Abrantes, atual Embaixada de França em Lisboa.
No Bombarral, detém o Buddha Eden Garden, cerca de 35 hectares na Quinta dos Loridos, onde se encontram centenas de figuras orientais como budas, pagodes, estátuas de terracota e outras esculturas.
Em 2010, abriu o Underground Museum em Sangalhos, Anadia, ligado à enologia, num espaço subterrâneo onde exibe coleções de arte africana, fósseis, cerâmica, minerais e azulejos antigos.
No distrito de Évora, em Estremoz, numa parceria com a autarquia local, abriu em 2020 um museu dedicado à coleção de azulejos, com exemplares do século XV até à atualidade.