Os confrontos ocorreram em Las Anod, capital administrativa da região de Sool, no sul da Somalilândia, território disputado pela própria Somalilândia e pelo vizinho estado somali de Puntland.
Em Las Anod, a cerca de mil quilómetros de Mogadíscio, capital da Somália, uma comissão de 33 pessoas nomeadas por líderes tradicionais debateu o futuro daquele território em termos de saber se pertenceria à Somalilândia ou à Somália.
Segundo garantiu o presidente da comissão, o xeque Mohamed Salad, citado pela agência Efe, o Exército da Somalilândia lançou um ataque no início da manhã contra o quartel-general daquela comissão, o que provocou uma luta durante o resto do dia com civis que pegaram em armas para se defender.
Segundo esta versão, as tropas realizaram um primeiro ataque com artilharia pesada seguido de um assalto terrestre.
"Confirmamos que as vítimas do ataque à cidade de Las Anod somam atualmente 35 mortos, 160 feridos e outros sete desaparecidos", disse Salad por telefone, especificando que se tratava de civis.
"A Somalilândia tem como alvo a infraestrutura civil", denunciou o presidente da comissão.
A maioria dos bombardeamentos da Somalilândia "foi direcionada a bairros civis densamente povoados", disse Sulieman Mohamed, morador local, contactado também por telefone pela Efe.
O principal hospital da cidade também foi "bombardeado por tropas da Somalilândia", acrescentou o morador.
No entanto, o Ministério da Informação da Somalilândia deu uma versão diferente dos acontecimentos, anunciando que hoje de manhã bases do seu Exército e as sedes dos seus ministérios em Las Anod "foram submetidos a intenso fogo por terroristas armados mobilizados por líderes tradicionais na cidade".
"O Exército da Somalilândia frustrou com sucesso o ataque terrorista e fortaleceu as suas posições e bases militares", enfatizou o ministério na rede social Twitter.
O Governo da Somalilândia afirmou que "os militares fizeram todo o possível para evitar baixas civis, já que os terroristas procuraram refugiar-se em áreas populosas da cidade".
A Somalilândia vive uma crise política depois de o seu presidente ter decidido prolongar o mandato, que terminou em novembro passado, por um período de dois anos e cancelar a realização de eleições regionais.
Como consequência, o principal partido de oposição da Somalilândia, Waddani, deixou de reconhecer Abdi como o "Presidente legítimo".
Em janeiro, os protestos desencadeados pela morte de um político local no final de 2022 abalaram a cidade, onde partidos da oposição e grupos de defesa dos direitos humanos acusam as forças somalis de matarem vários manifestantes.
Antigo protetorado britânico, a Somalilândia imprime a sua própria moeda, emite passaportes e elege o seu governo, mas a falta de reconhecimento internacional mantém-na isolada.
A região, relativamente estável em comparação com o resto da Somália, tem sido abalada nos últimos meses por manifestações violentas e crises políticas.
Lusa