Os tripulantes, reunidos em assembleia-geral desde cerca das 10:00 num hotel, em Lisboa, rejeitaram, pela segunda vez, uma proposta da TAP, que ia ao encontro de 12 das 14 reivindicações do SNPVAC, na tentativa de evitar uma nova greve de sete dias, depois de uma paralisação de dois dias, em dezembro, ter tido um impacto de cerca de oito milhões de euros na companhia aérea.
Segundo a mesma fonte, 857 associados votaram contra a proposta da TAP, 29 a favor e nove abstiveram-se.
À entrada para a reunião, o presidente do sindicato tinha dito que era “muito provável” que os tripulantes decidissem manter o pré-aviso de greve.
Ricardo Penarróias falava aos jornalistas presentes num hotel em Lisboa, em declarações transmitidas pela SIC e RTP, realçando o sentimento de insatisfação dos tripulantes de cabine com a gestão da TAP.
Antes, o dirigente sindical tinha tido uma reunião com o ministro das Infraestruturas, João Galamba, que, em nota enviada pelo gabinete, manifestou-se “convicto” de que a assembleia-geral do SNPVAC daria “um passo decisivo para a melhoria da situação dos trabalhadores e da companhia aérea, permitindo evitar uma greve de sete dias que causaria um grave dano à empresa”.
“Iremos discutir o documento, ouvir as opiniões de todos os associados e, no final, são os associados que irão tomar a decisão”, sublinhou Ricardo Penarróias.
Segundo o sindicalista, na reunião com o Governo, João Galamba “reforçou a sua confiança e o apoio à proposta da TAP”.
“Foi uma conversa construtiva, informal, sensibilizando para a importância do momento, a importância que uma greve poderá ter para a saúde financeira da empresa. Nós somos sempre sensíveis a isso”, disse o presidente do SNPVAC.
Questionado sobre as diferenças entre a proposta hoje discutida e a anterior, Penarróias disse que se trata de “questões muito técnicas”, como, por exemplo, o regresso de mais um tripulante aos voos transatlânticos, com mais de seis horas, que estavam a ser realizados com quatro elementos.
Para o sindicato, a ausência de mais um tripulante naqueles voos é “questionável” em termos de segurança e “miserável” em termos de condições de trabalho.
Ricardo Penarróias apontou ainda que o caso da indemnização de 500.000 euros à antiga vogal do Conselho de Administração Alexandra Reis também contribuiu para agudizar o sentimento de insatisfação dos tripulantes e restantes trabalhadores da TAP, o que poderia influenciar o resultado da assembleia-geral de hoje.
A TAP tem estado em negociações com os sindicatos, para novos acordos de empresa, enquanto está a ser alvo de um plano de reestruturação que implica cortes salariais.
Lusa