"O Ministério dos Negócios Estrangeiros agradece e regista as numerosas manifestações de apoio e solidariedade da comunidade internacional, através de vários canais, face à violência golpista registada no domingo na Esplanada dos Ministérios em Brasília", referiu o Itamaraty através de um comunicado.
De acordo com a declaração, o apoio unânime da comunidade internacional à democracia no Brasil surgiu após pelo menos 60 delegações internacionais de alto nível terem participado na tomada de posse de Luiz Inácio Lula da Silva como novo Presidente do Brasil, a 01 de janeiro.
Tal apoio internacional "representou um reconhecimento da força das instituições democráticas do Brasil", adianta a nota.
Os ataques de domingo, que causaram grandes danos dentro da sede dos três ramos do Governo, foram promovidos por milhares de apoiantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, o líder da extrema-direita brasileira, que repudiou a vitória de Lula nas eleições presidenciais de outubro e apelou a um golpe de Estado.
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros, as mensagens recebidas desde domingo representam um "repúdio unânime e vigoroso dos países e organizações internacionais pelos atos de terrorismo e de vandalismo que chocaram o Brasil e o mundo".
O ministério acrescentou que o Estado brasileiro responderá adequadamente à gravidade dos crimes ocorridos e que o governo continuará a agir em conformidade com a Constituição de 1988, que permitiu ao país experimentar o "mais longo período de coexistência democrática da sua história republicana".
Os principais governos mundiais, incluindo a China, Rússia, Estados Unidos e Índia, bem como instituições internacionais, emitiram mensagens de apoio a Lula e à democracia brasileira, e de rejeição dos bolsonaristas radicais.
"Condeno o ataque à democracia e à transferência pacífica do poder no Brasil", disse o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na sua conta do Twitter.
O apoio à democracia brasileira já tinha sido expresso no domingo por todos os países da América Latina e pelos principais fóruns regionais.
Os ataques também foram condenados por porta-vozes de extrema-direita, como a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
As autoridades de Brasília informaram hoje que a ordem pública está totalmente controlada, mas que o centro da cidade amanheceu com numerosos vestígios de destruição e que os danos às sedes do poder foram numerosos e extensos.
A polícia em Brasília já desmantelou o campo que os bolsonaristas tinham montado após as eleições, em frente ao quartel-general do exército, e do qual lançaram os ataques no domingo, e onde pelo menos 1.200 pessoas foram presas.
O assalto ao Congresso, à Presidência e ao Supremo Tribunal só foi resolvido após quatro horas e meia de confusão, quando a polícia de choque atuou e disparou gás lacrimogéneo contra os desordeiros, dentro e fora dos edifícios.
Lusa