“Nós estamos disponíveis para receber todos aqueles que olham para o PCP como ele é e não como gostariam que ele fosse, é um debate arrumado que temos, isso é muito simples. Não venham pedir para mudar regras no sentido em que é o caminho que os militantes do PCP decidiram. Volto a dizer: respeitamos as opções diferentes que cada um tomou, não peçam ao PCP para mudar”, defendeu Paulo Raimundo.
Estas declarações do dirigente comunista constam de um excerto divulgado pela SIC de uma entrevista que será emitida hoje no Jornal da Noite e na Edição da Noite da SIC Notícias, na qual Paulo Raimundo admitiu que “toda a gente” faz falta ao partido.
“Uns já assinam abaixo assinados, outros já participam em coisas, é isso que nós precisamos, de aumentar essa capacidade reivindicativa, com todos”, completou.
Já sobre a escolha do seu nome para liderar o partido, Raimundo considerou que “de certeza que houve razões fundas que levaram o Comité Central” a decidir que lhe calhava a ele essa responsabilidade.
“Eu acho que o Comité Central do meu partido acertou, mas estamos cá agora para tirar a ‘prova dos nove’ sobre isso”, disse.
Questionado sobre se admite resignar caso não corra bem, Raimundo respondeu: “É um facto, claro, naturalmente se não correr bem é claro que o Comité Central que me elegeu como secretário-geral é o Comité Central que tomará as decisões que entenda”.
“Já houve uma reunião depois disso e eu mantive-me secretário-geral por isso um mês já está safo”, gracejou.
Em 16 de novembro, em entrevista à Lusa, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, defendeu que faz "muita falta” parte dos comunistas que se afastaram na sequência da crise interna que opôs, há vinte anos, os chamados ortodoxos e renovadores.
A crise interna que se acentuou nas vésperas do Congresso de 2000 opôs os que defendiam a abertura do partido e novos métodos de funcionamento e aqueles, que ficaram conhecidos como ortodoxos, que defendiam a manutenção do centralismo democrático e da matriz marxista-leninista. Nesse debate interno, com momentos dramáticos, foram instaurados processos disciplinares a alguns dos rostos mais conhecidos do movimento pela renovação do PCP, como Edgar Correia e João Amaral, já falecidos.