“Talvez durante as férias de Ano Novo ou noutras alturas aproveitem a oportunidade para continuar a atacar as nossas infraestruturas, a fim de quebrar o povo ucraniano”, disse o porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yuri Ignat, citado pela agência Interfax.
O ataque ucraniano com ‘drones’ (aeronaves não tripuladas) visou a base aérea de Engels, situada 600 quilómetros a leste da fronteira, que abriga bombardeiros estratégicos com capacidade nuclear Tu-95 e Tu-160 envolvidos nos ataques à Ucrânia.
O Ministério da Defesa russo disse, na segunda-feira, que a sua defesa aérea intercetou os ‘drones’, mas os destroços caíram na base e mataram três militares.
Nenhum dano foi causado aos aviões russos, segundo o ministério liderado pelo general Serguei Shoigu.
O porta-voz da Força Aérea ucraniana fez uma avaliação positiva do ataque, referindo que obrigou as forças russas a fazerem reajustamentos.
Segundo Ignat, continua a haver aviões de guerra na base da Engels, mas “muitos já foram deslocados para diferentes aeródromos”.
Em geral, a Rússia reduziu a sua atividade aérea noturna, disse o porta-voz à Interfax, segundo a agência espanhola Europa Press.
Ignat acrescentou que tanto o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como o alto comando militar e parte da população estão conscientes de que a ameaça de novos bombardeamentos não desapareceu.
“Os ocupantes não abandonaram as suas intenções insidiosas”, afirmou.
Zelensky já tinha alertado, no domingo, antes do ataque à base aérea russa, para a possibilidade de novos bombardeamentos nos últimos dias do ano.
Após uma série de reveses militares no nordeste e sul do país no outono, a Rússia optou, em outubro, por atacar as redes elétricas da Ucrânia, mergulhando milhões de civis no frio e na escuridão no inverno.
Esta tática russa foi denunciada pela ONU, que alertou para o risco que correm milhões de civis na Ucrânia, bem como para a possibilidade de uma nova onda de refugiados na Europa.
Desde o início da guerra, em 24 de fevereiro deste ano, mais de 7,8 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia para outros países europeus, segundo dados das Nações Unidas.
O conflito provocou também 6,5 milhões de deslocados internos, o que na terminologia da ONU significa pessoas que foram obrigadas a abandonar os locais habituais de residência, mas permaneceram no país.
As estimativas das Nações Unidas apontam que, neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
Desconhece-se o número exato de baixas civis e militares em mais de dez meses de guerra, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm admitido que será elevado.
As informações sobre o curso da guerra divulgadas pelas duas partes não podem ser verificadas de imediato por fontes independentes.