A análise é do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) que diariamente divulga relatórios sobre a invasão russa em curso no território ucraniano.
As forças ucranianas estão a “obter ganhos substanciais” nos arredores de Lyman, a cidade recentemente reconquistada às forças russas, e a norte de Kherson, nas últimas 48 horas, de acordo com imagens geolocalizadas obtidas pelo ISW.
No relatório do grupo de reflexão pode ler-se que a contraofensiva ucraniana fez “avanços significativos”, ao mesmo tempo que “a elite militar russa está a degradar-se” e a mostrar evidentes sinais de descoordenação, mostrando-se incapaz de travar as incursões das forças comandadas por Kiev.
Para os analistas deste ‘think-tank’ com sede em Washington, Putin está a imputar a responsabilidade exclusiva por estes fracassos militares russos às suas chefias no terreno, que tem vindo a substituir.
“A agência russa RBK, citando fontes do regime russo, informou em 03 de outubro que o tenente-general Roman Berdnikov substituirá o coronel-general Alexander Zhuravlev como comandante do Distrito Militar Ocidental”, informa o relatório do ISW.
Os analistas consideram que este distrito militar russo estará sem uma chefia no terreno, já que “Zhuravlev não é visto há algum tempo”, referindo que Putin se prepara para alterar toda a cadeia de comando na região de Kharkiv (leste), onde se intensificam os ataques ucranianos.
O anúncio das substituições nesta altura, após fortes perdas militares russas, pode ser a estratégia de Putin para atribuir culpas às chefias cessantes, protegendo o prestígio dos novos comandantes.
“A nomeação de Berdnikov pode ter a intenção de criar uma manobra de diversão e de redirecionar a crescente insatisfação” dentro da cadeia de comando russa, concluem os analistas do ISW.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.