Carlos III falava aos líderes políticos da Irlanda do Norte, incluindo aos de partidos nacionalistas, que querem que a Irlanda do Norte deixe o Reino Unido e se torne parte da República da Irlanda.
O novo monarca, que assumiu o trono do Reino Unido depois de a sua mãe ter morrido na quinta-feira passada aos 96 anos e após mais de 70 anos de reinado, garantiu que vai seguir o “exemplo brilhante” de Isabel II e trabalhar para o bem-estar de todos na Irlanda do Norte.
A monarquia britânica provoca emoções mistas na Irlanda do Norte, onde os unionistas protestantes se consideram britânicos e os nacionalistas católicos se consideram irlandeses.
As divisões políticas e religiosas alimentaram três décadas de violência, entre o final da década de 1960 e a assinatura do Acordo de Belfast, em 10 de abril de 1998, que opôs grupos paramilitares dos dois lados e forças de segurança do Reino Unido, e em que morreram cerca de 3.600 pessoas.
O presidente nacionalista irlandês da Assembleia da Irlanda do Norte elogiou o papel da rainha Isabel II no processo de paz, numa mensagem de condolências ao rei Carlos III.
Alex Maskey, membro do Sinn Fein – partido no poder – adiantou ainda, na cerimónia, que o exemplo da Rainha ajudou a “quebrar barreiras e encorajou a reconciliação” na Irlanda do Norte.
Carlos III chegou a Belfast hoje para a sua primeira visita como monarca britânico à Irlanda do Norte, que vive novas tensões desde o ‘Brexit’.
Profundamente dedicados à Rainha que morreu na semana passada, os unionistas da Irlanda do Norte temem que a sua causa, a pertença ao Reino Unido, esteja mais ameaçada do que nunca, num contexto político perturbado pelo ‘Brexit’ (a saída do Reino Unido da União Europeia) pela ascensão histórica dos nacionalistas.
O Governo local está paralisado há meses, com o partido unionista DUP a opor-se às disposições aduaneiras pós-‘Brexit’ negociadas entre Londres e Bruxelas, que diz ameaçarem o lugar da Irlanda do Norte no Reino Unido.
O Sinn Fein, por seu lado, recusa reconhecer a autoridade da monarquia na Irlanda do Norte e não ocupou os seus lugares no parlamento de Westminster.
A sua vice-presidente, Michelle O’Neill, não participou na proclamação oficial de Carlos III no domingo em Hillsborough, mas o partido diz que vai encontrar-se com o rei tal outros políticos e assistir ao serviço religioso para homenagear a rainha.
Carlos III deverá reunir-se com políticos das diferentes comunidades, no âmbito de uma visita às quatro nações constituintes do Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte), para receber as condolências após a morte da sua mãe.