Na chegada a Londres, após ter estado na Escócia onde foi indigitada pela Rainha Isabel II, Truss referiu como primeira prioridade o "plano ousado para fazer crescer a economia através de cortes fiscais e reformas”.
“Vou reduzir os impostos para recompensar o trabalho árduo e impulsionar o crescimento e o investimento liderado pelas empresas”, vincou, num discurso feito no exterior do número 10.º de Downing Street, onde se situam a residência e escritório oficiais do chefe do Governo britânico, para uma audiência de assessores, deputados e jornalistas.
Em segundo lugar, acrescentou, disse querer resolver a "crise energética causada pela guerra de [Vladimir] Putin”, prometendo medidas ainda esta semana para reduzir as contas de energia e "assegurar o (nosso) futuro abastecimento energético”.
Em terceiro lugar, Liz Truss mostrou-se determinada em conseguir que "as pessoas possam obter consultas médicas e os serviços do NHS [serviço nacional de saúde] de que necessitam”, cujas lista de espera aumentaram na sequência da pandemia da doença covid-19.
"Colocaremos a nossa nação no caminho do sucesso a longo prazo. Não devemos ficar assustados com os desafios que enfrentamos. Por mais forte que a tempestade possa ser, eu sei que o povo britânico é mais forte”, disse a nova líder britânica.
Apesar da ameaça de chuva, que a certa altura obrigou muitos dos presentes a recorrer a guarda-chuvas e a procurarem refúgio no interior dos edifícios adjacentes, o discurso foi feito no exterior.
Truss começou por agradecer e elogiar o antecessor, Boris Johnson, e por reconhecer os “ventos fortes” causados pela guerra na Ucrânia e pelo rescaldo da pandemia, mas insistiu numa visão de otimismo e reformas.
"Claro que não vai ser fácil, mas podemos fazê-lo. Vamos transformar a Grã-Bretanha numa nação de aspiração, com empregos altamente remunerados, ruas seguras, e onde todos, em todo o lado, têm as oportunidades que merecem”, defendeu.
A primeira-ministra britânica prometeu ainda trabalhar em conjunto com os aliados para defender "a liberdade e a democracia em todo o mundo, reconhecendo que não podemos ter segurança em casa sem ter segurança no estrangeiro".
“Estou determinada em executar”, concluiu, recebendo aplausos antes de entrar no número 10.º de Downing Street.
Espera-se que Truss nomeie ainda hoje os principais membros do seu Governo, a maioria apoiantes leais durante a campanha.
O ministro da Economia, Kwasi Kwarteng, 47 anos, é apontado pela imprensa como o próximo ministro das Finanças, a procuradora-geral, Suella Braverman, 42 anos, deverá assumir o Ministério do Interior, James Cleverly, de 53 anos, passará da pasta da Educação para os Negócios Estrangeiros, e a ministra do Trabalho, Theresa Coffey, é esperada no Ministério da Saúde.
O ministro da Defesa, Ben Wallace, deverá permanecer em funções, mas Nadine Dorries recusou continuar com a pasta da Cultura.
Pelo contrário, os ministros da Justiça, Dominic Raab, e dos Transportes, Grant Shapps, apoiantes declarados de Rishi Sunak (o outro candidato finalista nas eleições internas para a liderança conservadora), deverão ser preteridos.
Liz Truss foi indigitada primeira-ministra do Reino Unido pela Rainha Isabel II, que lhe pediu para formar um novo Governo após aceitar a demissão de Boris Johnson.
"A Rainha recebeu em audiência" Liz Truss "e pediu que formasse um novo Governo", anunciou o Palácio de Buckingham através da rede social Twitter, momentos depois de publicar uma foto da monarca de 96 anos apoiada numa bengala, apertando a mão àquela que se torna a 15.ª primeira-ministra em 70 anos de reinado.
A audiência teve lugar no Castelo de Balmoral, na Escócia, e não no Palácio de Buckingham, em Londres, como é tradicional, devido aos problemas de mobilidade da monarca.
A transição resultou da eleição interna para a liderança do Partido Conservador iniciada em julho, da qual Truss foi declarada vencedora na segunda-feira com 57% dos votos.
Num breve discurso de despedida à porta de Downing Street pelas 7:30 desta manhã, Boris Johnson reivindicou uma série de medidas tomadas durante o tempo em funções perante uma multidão de apoiantes, assessores e jornalistas, e urgiu o partido a unir-se em torno da sucessora.
“O tempo para a política acabou e está na altura de apoiarmos todos a equipa e o programa de Liz Truss e servir os interesses dos cidadãos deste país, porque é isso que eles querem”, afirmou.
Depois da estreia de Truss no debate semanal com os deputados e frente ao líder da oposição, o trabalhista Keir Starmer, no parlamento, na quarta-feira, o novo Governo pretende anunciar já na quinta-feira um pacote para tentar travar a crise económica.
Segundo a imprensa britânica, este incluirá um congelamento dos preços da energia para famílias e empresas.
Dentro de duas semanas é esperado o anúncio de cortes fiscais para impulsionar a economia prometidos durante a campanha.