“É muito difícil fazer uma avaliação cabal que diga que a ministra esteve bem ou esteve mal, isso dependerá também muito das perspetivas políticas de cada um e da própria área de interesse. O que posso dizer é que na área da saúde pública praticamente nada mudou que viesse mudar o futuro daquilo que são os serviços e os profissionais de saúde pública”, afirmou Gustavo Tato Borges à Lusa sobre a saída da ministra da Saúde.
Para Gustavo Tato Borges faltou uma reforma estrutural na área da saúde pública por parte do Ministério da Saúde liderado durante quase quatro anos por Marta Temido. Entre as medidas reivindicadas estão questões de “contratualização, autonomia técnica e financeira das instituições e maior capacidade de resposta e independência de cargos de chefia”, além de uma excessiva burocracia que limita a atividade destes profissionais.
“Continuamos à espera que as nossas reivindicações possam ser acolhidas e integradas numa nova estrutura do SNS, que nos permita dedicar o tempo às nossas atividades essenciais e não gastar tempo com atividades que não trazem vantagem para a saúde das pessoas”, reforçou.
Questionado sobre o futuro à frente do Ministério da Saúde, o presidente da ANMSP salientou a expectativa pelo nome designado pelo primeiro-ministro, António Costa: “Aguardamos com expectativa para perceber quem vem, se vai continuar o trabalho de Marta Temido ou não e se está disponível para nos ouvir. O desejável é que venha alguém com capacidade técnica, que conheça as realidades do SNS e que tenha capacidade de diálogo e de intervenção”.
Gustavo Tato Borges defendeu que Marta Temido “enfrentava, se calhar, o segundo maior desafio da sua carreira como ministra da Saúde”, após a pandemia de covid-19. Em causa estão os constrangimentos que afetam diversas áreas do Serviço Nacional de Saúde (SNS), elencando problemas de curto prazo, como “a questão das urgências”, e de longo prazo, como o novo estatuto ou a direção executiva do SNS.
“Não era fácil apresentar uma resolução que agradasse a toda a gente e permitisse ao SNS poder responder às necessidades dos portugueses”, confessou, reconhecendo ser “muito difícil” avaliar o mandato de Marta Temido: “É muito difícil fazer uma avaliação cabal que diga que a ministra esteve bem ou esteve mal, isso dependerá também muito das perspetivas políticas de cada um e da própria área de interesse”.
A ministra da Saúde, Marta Temido, apresentou hoje a demissão por entender que “deixou de ter condições” para exercer o cargo, demissão que foi aceite pelo primeiro-ministro, António Costa.