"Este é o orçamento das contradições e dos absurdos", afirmou no encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), na Assembleia da República.
Considerando que "este não é só o orçamento que mantém os privilégios, é também o orçamento final e definitivo da engorda do Estado e das clientelas políticas à volta dele", o líder do Chega afirmou que "é o orçamento que não conseguiu dar às famílias nem às empresas, mas conseguiu dar aos mesmos de sempre, ao Governo, aos seus apêndices, à administração pública e aqueles que vivem ao lado do sistema político".
O Chega foi o único partido que não viu aprovada qualquer proposta de alteração ao OE2022 e André Ventura criticou que o "tal rolo compressor que ia ser uma maioria dialogante chumbou coisas como a isenção de IMI para os bombeiros porque a proposta era do Chega", a descida do IVA da restauração, um complemento de pensão para antigos combatentes ou "o privilégio que políticos hoje têm de acumular pensões vitalícias com as suas pensões de reforma".
"Tudo isto no país onde há pensionistas com 278 euros e onde a média geral é de 474 euros", lamentou.
Apontando que Portugal é um "país ao contrário do que devia ser", o deputado criticou igualmente que a polícia vai "ter formações LGBTI" quando os agentes "não têm condições de ter um subsídio de risco digno".
"Uma maioria absoluta pode dar a aparência de que poderão fazer o que quiserem mas a realidade não é substituível por nenhuma maioria parlamentar", defendeu.
Sobre o ‘chumbo’ das propostas da sua bancada, o líder do Chega assinalou que "isso não é currículo nem cadastro", e que "é um enorme orgulho saber que hoje só há um partido nesta câmara que enfrenta efetivamente o PS".
Na sua intervenção, Ventura defendeu ainda que "é evidente" que o país não está "no bom caminho", falando num "empobrecimento contínuo do país" e "perda de rendimentos constante".
"Estamos no caminho da bancarrota, estamos no caminho da destruição e eu tenho quase a certeza, mesmo sem ter que ler nas estrelas, que este Governo nos vai levar à mesma bancarrota que o último Governo socialista nos levou e que nós cá estaremos para pagar depois", disse.
Já no final da sua intervenção, André Ventura ouviu comentários das bancadas do PS e do PSD quando disse que iria citar o fundador do PSD Francisco Sá Carneiro, aos quais respondeu que "Sá Carneiro é de todos".
O Orçamento do Estado para 2022 é votado hoje em votação final global e tem aprovação garantida graças à maioria absoluta do PS.
O orçamento sai da especialidade com poucas alterações e mesmo as propostas da oposição aprovadas – o PAN e o Livre foram os que conseguiram maior número de “vitórias” – terão reduzido impacto orçamental, um cenário diferente do período da ‘geringonça’.