A Câmara Municipal do Funchal aprovou hoje a aquisição, por 166 mil euros, de uma parte do espólio do artista e investigador madeirense António Aragão, anunciou o presidente da autarquia, Paulo Cafôfo.
"Elencámos, através duma peritagem, uma série de obras e documentos para terem visibilidade através de um núcleo museológico, num espaço que ainda está a ser estudado", disse o autarca.
A deliberação contou com os votos favoráveis da coligação Mudança (PS, BE, MPT, PAN e PTP), que lidera o município, e do CDS-PP.
Já o PSD e a CDU abstiveram-se, alegando, segundo disse o presidente da Câmara, questões relacionadas com o facto de o valor do espólio poder ser posto em causa por a avaliação ter sido feita apenas por um perito.
Entre as peças e documentos adquiridos pela Câmara do Funchal consta um quadro (pintura e colagem) da autoria do poeta Herberto Helder, falecido recentemente, avaliado em 15 mil euros.
O espólio de António Aragão foi levado a leilão em fevereiro de 2015, após recusa do Governo Regional da Madeira em o adquirir. Posteriormente, a Câmara Municipal do Funchal decidiu comprar uma parte das peças que não foram arrematadas, tendo hoje deliberado investir 166 mil euros na operação.
O espólio inicial era composto por mais de 700 peças de arte contemporânea e arte sacra, mobiliário antigo, loiças, livros, documentos e manuscritos vários, discos e muitos outros objetos antigos e de coleção. Estava avaliado em cerca de 500 mil euros e foi leiloado cerca de 30% do total.
António Aragão nasceu a 21 de setembro de 1921, em São Vicente, no norte da ilha da Madeira, e morreu a 11 de agosto de 2008, no Funchal. Era um homem multifacetado, poeta, escultor, pintor, historiador e investigador e deixou obra marcante em todas as áreas de intervenção, muitas vezes com o sinal da excentricidade, da irreverência e da polémica. Foi diretor do Arquivo Regional da Madeira e do Museu da Quinta das Cruzes, no Funchal.
Na reunião desta quinta-feira, a Câmara do Funchal decidiu, por outro lado, promover e apoiar a segunda edição do Music Art Out Sessions (MAOS), que decorrerá todos os domingos, a partir de junho, no jardins e miradouros do Funchal. Trata-se de uma iniciativa que visa estimular e divulgar a arte e a criatividade dos jovens artistas madeirenses, num ambiente de lazer e descontração.