À chegada ao Palácio de Versalhes para o segundo dia de trabalhos da cimeira informal que reúne os líderes dos 27, Josep Borrell anunciou que propôs “mais 500 milhões de euros de contribuição para o apoio militar à Ucrânia”, através do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, elevando assim para 1.000 milhões de euros o financiamento pela União Europeia (UE) de aquisição e fornecimento de armas para apoiar as Forças Armadas ucranianas a combater a invasão russa.
“Fiz a proposta de duplicar a nossa contribuição e estou certo de que os líderes vão aprovar este dinheiro”, declarou Borrell, acrescentando que “todos estão conscientes de que é necessário aumentar o apoio militar à Ucrânia e colocar mais pressão sobre a Rússia”.
Confiante de que os chefes de Estado e de Governo dos 27 vão dar o seu aval político à proposta, o chefe da diplomacia europeia comentou que, uma vez dada a ‘luz verde’, o financiamento para a aquisição e fornecimento de armas “vai ser imediato, pois agora tudo flui rapidamente”.
Em 27 de fevereiro, ao quarto dia da operação militar lançada pela Rússia na Ucrânia, a UE aprovou a inédita decisão de financiar o fornecimento de armamento a um país terceiro, aprovando um pacote de 450 milhões para a aquisição de armas letais, mais 50 milhões para material não letal, designadamente combustível e equipamento de proteção.
Na altura, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, estimou que a contribuição portuguesa para esse primeiro pacote de 500 milhões rondasse os "8 a 10 milhões de euros".
Na quinta-feira, à chegada à cimeira informal de Versalhes, dominada inevitavelmente pela guerra na Ucrânia e consequências para a UE, Borrell comentou que a Rússia está a “fazer a guerra” na Ucrânia “como o fez na Síria e na Chechénia", a “bombardear indiscriminadamente”, fazendo muitas vítimas civis e a “destruir um país”.
“Todos podem ver pela televisão o que se está a passar. Os russos estão a bombardear indiscriminadamente as cidades ucranianas, [a provocar] centenas de vítimas civis, mais de dois milhões de refugiados. A Rússia está a fazer a guerra da forma que a pratica, tal como o fizeram na Síria e na Chechénia: a bombardear e destruir um país”, disse.
Segundo o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, os 27 devem “trabalhar em duas direções”.
Por um lado, sustentou, há que “continuar a colocar pressão sobre a Rússia para parar esta guerra louca, para parar de matar civis, através da ação diplomática e também de sanções”, por outro, aumentando “a resiliência da União Europeia”, designadamente através da independência energética e do reforço das capacidades de defesa.
Borrell disse acreditar numa cimeira produtiva, até porque, garantiu nunca ter visto “os Estados-membros tão unidos”.
“[Vladimir] Putin acreditou que ia conquistar a Ucrânia, e falhou. Pensou que ia dividir-nos, e falhou. Pensou que ia enfraquecer a relação transatlântica, e falhou. Agora tem de pôr fim à guerra”, concluiu.
Os chefes de Estado e de Governo da UE, entre os quais o primeiro-ministro António Costa, iniciaram quinta-feira à tarde, em Versalhes, França, uma cimeira de dois dias originalmente consagrada à economia, mas que acabou por estar focada em questões de defesa, por força da ofensiva russa na Ucrânia.