Esta retórica “é perigosa, aumenta o risco de conflito e deve ser evitada”, sublinhou o secretário de Estado norte-americano em conferência de imprensa.
Antony Blinken considerou também que o custo de vidas humanas devido à invasão russa da Ucrânia já é “impressionante” e que irá “continuar a crescer”.
As infraestruturas destruídas pelos ataques russos "não são alvos militares", lamentou o governante norte-americano.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos inicia na quinta-feira, até 08 de março, visitas à Bélgica, Polónia, países bálticos e Moldava, para reafirmar o apoio dos Estados Unidos na luta contra a invasão russa da Ucrânia, divulgou o Departamento de Estado norte-americano.
A viagem diplomática à Europa começa em Bruxelas para reuniões com os seus homólogos da União Europeia e países da NATO para “discutir a resposta global à invasão da Rússia” e ainda para uma reunião do G7 a nível ministerial, pode ler-se.
Antony Blinken estará na Polónia em 05 de março, para reuniões com líderes polacos, onde vai discutir mais apoio de defesa e agradecer o acolhimento daquele país de centenas de milhares de deslocados e refugiados ucranianos.
Segundo o último relatório divulgado hoje pela ONU, a Polónia já recebeu mais de 450.000 ucranianos, mais de metade refugiados que saíram daquele país desde 24 de fevereiro.
Já na Moldava, o chefe da diplomacia norte-americana debaterá os “esforços [da Moldava] para receber e ajudar os refugiados que fogem da invasão russa da Ucrânia” e ainda o apoio dos EUA à democracia, soberania e integridade territorial" do país.
No Báltico, Blinken estará em 06 de março na Lituânia, dia 07 na Letónia e em 08 de março na Estónia, com encontros ao mais alto nível.
Nestes países, o governante falará sobre os esforços conjuntos para ajudar a Ucrânia, o reforço da Defesa e dissuasão da NATO e a promoção da democracia e dos direitos humanos.
De resto, Blinken alertou hoje que as nações do Báltico "enfrentam uma ameaça renovada da Rússia, já que o Presidente Vladimir Putin procura reafirmar o domínio russo sobre as ex-repúblicas soviéticas".
Um alto funcionário do Pentágono alertou hoje que os Estados Unidos temem um aumento de baixas civis na Ucrânia, num momento em que o Exército russo parece determinado a bombardear grandes cidades para forçar os ucranianos a renderem-se.
“Prevemos um aumento do uso de artilharia enquanto se aproximam dos centros urbanos e quando tentam cercá-los”, referiu a fonte do Departamento de Defesa norte-americano, citado pela AFP.
"É típico de um cerco: quando se pretende cercar um centro urbano e subjugá-lo, forçá-lo a capitular, a artilharia torna-se uma arma muito útil", acrescentou.
Os norte-americanos salientam que a principal preocupação é que, com esta atuação, os russos se tornem “menos precisos e menos seletivos” nos seus ataques.
Cerca de 82% da força militar russa que esteve durante semanas junto à fronteira com a Ucrânia está agora empenhada na invasão ao país vizinho, salientou a mesma fonte.
Apesar disso, não houve “um movimento notável” de forças russas em direção a Kiev ou Kharkiv em comparações com os últimos dois ou três dias.
E na cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, onde as forças russas alegaram ter hoje “um controlo total”, continua a ser “altamente disputada”.
Os militares russos ainda não assumiram o controlo do espaço aéreo ucraniano e continuam a sofrer problemas logísticos, como a falta de combustível ou alimentos.
“Eles estão atrasados. Mas continuam a ter uma enorme força de combate à disposição e vão superar as dificuldades”, alertou.
Os Estados Unidos continuam a fornecer assistência militar à Ucrânia e a última entrega ocorreu há menos de 24 horas, assegurou a mesma fonte.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.
Lusa