"Um dos custos humanos da série de decisões que a Facebook tomou é que há muitas pessoas que têm a mesma experiência que eu, que entrei querendo trabalhar sobre a desinformação e descobri coisas que acreditava estarem a colocar vidas em risco", disse Frances Haugen quando questionada sobre as motivações que a levaram a denunciar as alegadas más práticas da empresa.
A ex-funcionária da Facebook forneceu em setembro dezenas de milhares de documentos internos à Securities and Exchange Commission (SEC), reguladora dos mercados financeiros nos Estados Unidos, e ao ‘Wall Street Journal".
Adiantou que em lugares como os Estados Unidos "isso pode causar jantares de Ação de Graças arruinados".
"Em lugares mais frágeis do mundo, que quase universalmente não têm os sistemas de segurança básicos do Facebook, os sistemas que até o próprio Mark [Zuckerberg] disse que a classificação baseada no engajamento é perigosa, as consequências são mais graves", afirmou.
Haugen deu o exemplo da Etiópia, "onde um incidente de violência étnica está a acontecer agora e está a ser amplificado nas redes sociais", onde há 100 milhões de pessoas, que falam seis línguas e 95 dialetos.
"Quando a base de segurança é língua por língua, essa não chega aos lugares mais frágeis do mundo".
Haugen alega que os documentos comprovam que a empresa liderada por Mark Zuckerberg tem mentido sobre a eficácia dos seus esforços para erradicar o discurso do ódio e da violência e a desinformação na rede social.
Em 06 de outubro, depois de uma audição de Haugen no Congresso, Zuckerberg disse que a ex-funcionária está a pintar uma falsa imagem da empresa.
Zuckerberg revelou em 28 de outubro que a Facebook vai mudar de nome para Meta, numa tentativa de abranger a sua visão de realidade virtual para o futuro.
Frances Haugen foi contratada pela Facebook em 2018. Entre 2019 a maio de 2021, quando deixou a empresa, foi gestora de produto no departamento de integridade cívica.
A Web Summit arrancou hoje em Lisboa, em modo presencial, depois de a última edição ter sido ‘online’ e a organização espera cerca de 40 mil participantes, segundo revelou, em setembro, Paddy Cosgrave, presidente executivo da cimeira.
A comediante Amy Poehler, o presidente da Microsoft Brad Smith, a comissária europeia Margrethe Vestager e o jogador de futebol Gerard Pique irão juntar-se aos mais de 1.000 oradores, às cerca de 1.250 ‘startups’, 1.500 jornalistas e mais de 700 investidores, numa cimeira na qual serão discutidos temas como tecnologia e sociedade, entre outros, de acordo com a organização.
Apesar do número previsto de visitantes ser este ano cerca de menos 30 mil do que na última edição presencial, em 2019, as autoridades consideram que se trata do "maior evento de 2021" a ter lugar em Lisboa.