"Há um presidente do Marítimo que está há 24 anos à frente do clube, o que é demasiado tempo. Vê-se nitidamente que ele já está em fim de ciclo, portanto, há que inovar e encontrar um novo rumo”, afirmou Rui Fontes, em entrevista à agência Lusa.
O empresário de 68 anos, antecessor de Carlos Pereira presidiu ao clube entre 1988 e 1997, encabeça a candidatura “Tá na Hora – Novo Rumo”, tornando-se no primeiro opositor do atual presidente em atos eleitorais.
“Temos um projeto ambicioso, cujo objetivo é colocar o Marítimo entre os seis, sete primeiros clubes nacionais nos próximos três, quatro anos, ou seja, durante o nosso mandato”, referiu Rui Fontes, à Lusa.
O candidato da lista A pretende revolucionar a gestão do emblema madeirense, defendendo que a SAD seja liderada por “quem percebe e sabe de futebol”, sendo que o clube detém 91% do capital social da SAD.
A escolha para presidir a SAD recaiu sobre João Luís, ex-atleta da casa e atual treinador dos lituanos do Panevezys, que contará com Luís Olim, ex-capitão do Marítimo e atual treinador adjunto da mesma equipa da Lituânia, para vice-presidente para o futebol.
Do seu tempo na liderança dos ‘leões da Almirante Reis’, Rui Fontes recorda um clube “muito ligado à sua massa associativa”, numa altura em que se qualificou pela primeira vez para a Taça UEFA, em 1993/94, concretizando “o grande objetivo do futebol madeirense”, e para a final da Taça de Portugal.
Rui Fontes recordou as dificuldades financeiras que se seguiram à sua liderança, com a “recusa do clube único”.
“Quando o Dr. Alberto João Jardim [então presidente do Governo Regional] quis impor um clube único à Madeira, os adeptos do Marítimo reuniram-se em Assembleia Geral e recusaram linearmente essa proposta”, relembrou, referindo que a rejeição deixou o emblema ‘verde-rubro’ “numa situação financeira difícil devido ao corte de subsídios”.
Atualmente, Rui Fontes vê o clube “muito doente, não só no futebol”, reforçando que a imagem da equipa principal representa “o estado do clube no seu todo”.
“O futebol, o relvado, o estado da sede, tudo está por acabar. Há um desleixo tremendo em tudo. Dentro do clube os funcionários vivem com medo de tudo, medo do presidente, não têm respeito pelo presidente, têm medo do presidente e isto não são formas de gerir nada”, lamentou.
Para Rui Fontes, um “presidente tem de fazer a gestão estratégica da empresa e do clube” e não uma “gestão de um homem só”: “Para comprar uma caneta, para regar a relva, ou para tratar de coisas simples é preciso perguntar ao presidente. Em pleno século XXI isto não existe”.
O candidato defende “descentralização nas decisões, responsabilidade, profissionalismo, inovação e modernização” no clube, preconizando, caso seja eleito, “uma auditoria às contas do clube”, apontando “falta de transparência” à atual direção que “apresenta relatórios e contas com muitas dúvidas”.
“Viemos a saber que as empresas do Sr. Carlos Pereira são fornecedoras do clube. Nas contas do clube não se vê os fornecedores do clube. Isto é gravíssimo”, apontou, defendendo o impedimento de os membros da futura direção terem negócios com o clube.
As eleições para os órgãos sociais do Marítimo para o quadriénio 2021-2025 realizam-se na sexta-feira, com o atual presidente Carlos Pereira (lista B) a recandidatar-se frente ao antigo presidente Rui Fontes (lista A), entre as 09:00 e as 21:00, no Estádio dos Barreiros, no Funchal.