Na informação divulgada à imprensa, Bruxelas sustenta que “o atual pico de preços requer uma resposta rápida e coordenada”, lembrando que “o quadro jurídico existente permite que a UE e os seus Estados-membros tomem medidas para enfrentar os impactos imediatos sobre os consumidores e as empresas”.
“Deve ser dada prioridade a medidas específicas que possam mitigar rapidamente o impacto dos aumentos de preços para os consumidores vulneráveis e as pequenas empresas”, acrescenta Bruxelas, que pede iniciativas “facilmente ajustáveis na primavera, quando se espera que a situação se estabilize”.
Em concreto, a Comissão Europeia sugere na comunicação de hoje medidas a curto e médio prazo como “fornecer apoio de emergência ao rendimento dos consumidores pobres em energia, por exemplo através de ‘vouchers’ ou pagamentos parciais de faturas, que podem ser apoiados com as receitas do RCLE [regime de comércio de licenças de emissão da UE]”, bem como “adiamentos temporários dos pagamentos de faturas”.
Entre outras “medidas imediatas para proteger os consumidores e as empresas” estão a de estabelecer salvaguardas para evitar desconexões da rede, criar reduções temporárias e específicas de certos impostos para famílias vulneráveis, prestar ajuda às empresas ou indústrias, em conformidade com as regras da UE em matéria de auxílios estatais, e a de melhorar o alcance internacional no domínio da energia.
Relativamente às empresas do setor energético, Bruxelas propõe que os Estados-membros investiguem “possíveis comportamentos anticoncorrenciais no mercado de energia” e solicitem à Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA) “que melhore o acompanhamento dos desenvolvimentos no mercado do carbono”.
Nesta comunicação para fazer face ao aumento excecional dos preços da energia, que deve durar até ao final do inverno, a Comissão Europeia adianta que os países podem “facilitar um acesso mais amplo aos acordos de compra de energia renovável e apoiá-los através de medidas de acompanhamento”.
E avisa que estas iniciativas “não devem perturbar” a “transição a longo prazo e os investimentos em fontes de energia mais limpas” na UE.
Dados de Bruxelas revelam que, em 2020, oito Estados-membros (de 21 onde há dados disponíveis) registaram um aumento anual da taxa de pobreza energética, enquanto 13 registaram uma diminuição, incluindo os cinco Estados-membros com taxas superiores a 15%, dos quais Portugal faz parte, juntamente com Bulgária, Grécia, Chipre e Lituânia.
Esta “caixa de ferramentas”, que é uma contribuição da Comissão para o debate político, será agora apresentada ao Parlamento Europeu e ao Conselho, fazendo ainda parte da agenda da cimeira de líderes da UE da próxima semana.
Em dezembro próximo, o executivo comunitário irá apresentar um pacote de iniciativas sobre o setor energético, admitindo intervir relativamente à aquisição e ao armazenamento de gás, de forma a reforçar as reservas da UE.