Segundo o documento, 91 protestos tiveram como propósito exigir vacinas contra a Covid-19 e 442 (66%) para reivindicar Direitos Económicos, Sociais, Culturais e Ambientais (DESCA).
“Mantêm-se as demandas de serviços básicos e aumentaram as reclamações devido ao défice na distribuição e comercialização de combustíveis, falhas na recolha de água servidas (esgoto), no serviço de internet, iluminação pública e (condições das) estradas”, explica o relatório.
Segundo o OVCS, 229 protestos (34%) estiveram relacionados com a exigência de direitos civis e políticos, e com atividades a favor e contra a marcação de eleições regionais para 21 de novembro.
Houve ainda protestos “contra a campanha de criminalização, perseguição e detenção arbitrária de ativistas dos direitos humanos e dissidentes políticos”.
Por outro lado, familiares de detidos constestaram os atrasos judiciais, e “as cada vez mais graves condições dos cárceres venezuelanos” e por outro os trabalhadores manifestaram-se “rejeitando o salário mínimo oficial de menos de dólares por mês”.
“Profissionais da saúde condenaram a injusta detenção da enfermeira Ada Macuare, depois de participar em um protesto para denunciar a escassez de materiais (médicos) num centro de saúde, para exigir vacinas contra a Covid-19 e um melhor salário”, sublinha o relatório.
Ainda sobre a caraterização dos protestos, o OVCS indica que os professores reclamaram condições para o regresso a aulas presenciais nos próximos meses, e que motoristas, produtores agrícolas, pescadores e comerciantes protestaram por perdas e prejuízos ocasionados pela falta de combustível no país.
Dos 671 protestos registados em julho, 440 foram concentrações, 258 tiveram a exibição de cartazes, 103 decorreram através do bloqueio de ruas e avenidas, 34 foram greves e 18 em marchas.
O OVCS diz ter documentado, durante os últimos anos, protestos diários motivados por falhas no abastecimento de água potável, eletricidade e gás doméstico e explica que “o colapso dos serviços básicos continua, as medidas e políticas públicas exercidas pelas autoridades competentes têm sido insuficientes ou inexistentes”.
Em julho de 2021, o estado de Anzoátegui (60) foi a localidade do país com mais protestos (60), seguindo-se Trujillo (56), Bolívar (52), Lara (51), Táchira (50), Falcón (43), Portuguesa (42), Arágua e o Distrito Capital (ambos com 32 cada).
Registaram-se ainda protestos em Carabobo e Sucre (28 em cada), Barinas (25), Cojedes (18), Zúlia (16), Nova Esparta (15), Apure (12), Yaracuy (11), Delta Amacuro e Vargas (8 cada), e Guárico (6).
“Vale a pena sublinhar que pessoas que simpatizam com o regime de (Nicolás) Maduro reclamaram alegadas irregularidades e corrupção nas eleições internas do Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv)”, sublinha o observatório.