Durante a última noite, chegaram à ilha 635 pessoas a bordo de quatro embarcações e, pouco antes da meia-noite, as autoridades marítimas salvaram um barco de pesca com 352 migrantes, que se encontrava a 14 quilómetros da costa.
O centro de receção de Lampedusa, que pode acomodar cerca de 200 pessoas, está cheio e muitos dos migrantes estão à espera na doca de Favarolo, para serem transferidos para outros locais ou para embarcações de passageiros que o Governo italiano providenciou para que passassem a quarentena.
A organização não governamental Alarm Phone avisou no domingo à noite que várias embarcações estavam na zona do Canal da Sicília à espera de ajuda.
“Há ainda vários pedidos de ajuda no Mediterrâneo. (…) Não se pode ignorar o que se tem passado há algum tempo”, escreveu a porta-voz em Itália da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Carlotta Sami, na rede social Twitter.
O presidente da câmara de Lampedusa, Totò Martello, já lançou o aviso ao primeiro-ministro de Itália, Mario Draghi, e defende uma intervenção e a realização de “um diálogo” com os países norte africanos, dando prioridade à Líbia.
“Compreendo que a prioridade de Draghi é a pandemia do coronavírus e a crise económica, mas as emergências, quando se pode, como no caso dos migrantes, é preciso preveni-las. A Itália tem de construir uma estratégia. O [primeiro-ministro] tem de se mexer ou corremos o risco de, até ao final do verão, 50.000 pessoas chegarem a esta ilha”, explicou Martello.
O secretário-geral do partido de extrema-direita Liga Norte, Matteo Salvini, que faz parte do Governo de unidade nacional que apoia Draghi, apelou a uma reunião urgente para abordar a questão dos fluxos migratórios.
A ministra do Interior, Luciana Lamorgese, contactou o primeiro-ministro no domingo e pediu que colocasse a questão da migração no topo da agenda do próximo Conselho de Ministros.
Este ano, mais de 11 mil migrantes chegaram a território italiano, o triplo do mesmo período do ano passado.