Mayra Santos disse este sábado que o seu recorde mundial de natação estática, de 30h07 horas seguidas, conseguido sexta-feira no Funchal, foi uma meta pessoal cumprida, apesar de nunca ter sido nadadora profissional.
A atleta brasileira, natural das Minas Gerais, contou à Lusa como foi atingir o sonho, ao ultrapassar o recorde feminino (24h00 horas), e o masculino (30h00 horas), que pertencia ao espanhol Alberto Lorente.
“A minha ideia sempre foi bater o recorde total e tornar-me na atleta que nadou durante mais tempo, numa piscina de longa distância”, contou.
Mayra começou às 10h00 de quinta-feira e acabou na sexta-feira às 16h07, em que o frio que se fez sentir durante a noite foi a “parte mais complicada de superar”, quando estavam 22 graus na água da piscina e nove graus no ar.
“Senti mais dificuldade, tanto a nível físico como psicológico. O problema surgia quando eu colocava os braços ou as costas fora e sentia sempre frio”, frisou a brasileira, de 41 anos, que vive há quase 17 na Madeira.
De acordo com o regulamento da prova, Mayra Santos podia dispor de 01h15 horas de descanso, mas a atleta não quis fazer uso do período de descanso e nadou sem parar, vendo uma hora acrescentada ao seu tempo final.
“Eu podia até ter saído da piscina. Como não usei esse período de descanso e fiz tudo de forma ininterrupta, tive direito a essa hora e quinze minutos, só que abdiquei dos quinze minutos e pedi só uma hora, ou seja, o meu recorde oficial são 31 horas e sete minutos a nadar”, salientou.
Mayra Santos pratica natação há apenas cinco anos, tendo dedicado os últimos dois ao treino de longas distâncias, os seus “preferidos”, e, em 2019, já se havia tornado na primeira mulher a fazer a travessia entre Porto Santo e a Madeira.
“Todos os dias, entro na piscina às 06h00 e nado entre uma 01h30 a 02h00 horas. Quando tenho disponibilidade, faço treinos bidiários no mar, onde nado pelo menos mais uma hora”, sublinhou a atleta do Clube Naval do Funchal.
Mayra Santos recuperou, aos 36 anos, um sonho antigo, que viu interrompido aos 11, quando ainda vivia no Brasil.
“Quando era criança, vivia ao lado de uma piscina, nas Minas Gerais. Eu sempre adorei estar em contacto com a água, por isso, comecei na natação aos oito anos. Fiz algumas competições, mas tive de deixar a modalidade. Comecei a trabalhar aos 15 e abandonei esse sonho de ser nadadora, até que retomei aos 36”, recordou a nova recordista mundial.
A agente imobiliária de profissão já tem mais um “objetivo a cumprir”, ainda mais exigente que o último, que acaba de conquistar.
“Dar a volta à ilha da Madeira sempre a nadar ininterruptamente era um desafio que gostaria de concretizar. São cerca de 140 quilómetros, o que vai dar com certeza mais de 30h00 horas a nadar. Tenho de me preparar, sei que vou nadar muitas horas, incluindo durante duas noites e não vou usar roupa especial, por isso, tenho de me preparar para o frio”, afirmou.