O estudo, publicado na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics, teve o contributo de astrónomos que fazem investigação no Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, que divulgou em comunicado os resultados do trabalho.
Segundo um dos investigadores, João Faria, "existe uma grande probabilidade de existir água líquida à superfície" do planeta LHS 1140 b, "que está na zona de habitabilidade" da estrela LHS 1140, uma anã vermelha a 41 anos-luz da Terra, na direção da constelação da Baleia.
A água líquida é um elemento fundamental para a vida tal como se conhece.
Por isso, de acordo com o mesmo astrónomo, citado no comunicado, este exoplaneta constitui "um dos melhores alvos para futuras pesquisas por biomarcadores".
Para chegarem à conclusão de que LHS 1140 b poderá ter a superfície coberta de água líquida, os astrónomos calcularam a densidade do planeta e caracterizaram a sua composição interna a partir de dados recolhidos pelo telescópio espacial TESS e pelo espetrógrafo ESPRESSO, no Chile.
Com as mesmas fontes de dados, conseguiram detetar vestígios de mais dois planetas em torno da anã vermelha (além dos outros dois que tinham sido descobertos anteriormente, incluindo LHS 1140 b).
A estrela LHS 1140 tem cerca de cinco mil milhões de anos (o Sol terá 4,6 mil milhões de anos) e uma temperatura à superfície a rondar os 3.000ºC, "pouco mais de metade da temperatura do Sol".
Sendo a LHS 1140 menos quente do que o Sol, a "zona de habitabilidade" da estrela – zona que oferece condições para planetas rochosos na sua órbita, como o LHS 1140 b, terem água líquida à superfície – "está mais próxima".
"Este é mais um grande passo que demos na procura de uma outra Terra", sublinha o astrónomo Sérgio Sousa, igualmente citado no comunicado do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.
Considerado do tipo terrestre, o planeta extrassolar LHS 1140 b orbita a sua estrela em 24,7 dias e tem 1,7 vezes o diâmetro da Terra e 6,5 vezes a sua massa.
C/Lusa