“Acho que a história das festas é uma desculpa”, declarou o governante madeirense durante a visita que efetuou à obra de recuperação da Levada do Monte Medonho, um dos percursos pedestres existente no concelho da Ribeira Brava.
Miguel Albuquerque reagia assim ao aumento do número de mortos (mais três) e infetados (mais 367) em Portugal nas últimas 24 horas, a maioria na Região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
Para o chefe do Governo da Madeira, “os surtos não aconteceram por causa das festas, aconteceram devido a uma falta de controlo das autoridades sanitárias relativamente a um conjunto de áreas, sobretudo as mais deprimidas da Área Metropolitana de Lisboa, onde isso tem surgido”.
“Essa ideia serve para disfarçar as falhas logísticas e operacionais e a falta de medidas do Governo para acusar meia dúzia de festas em Carcavelos. Não foi por causa disso”, afirmou.
Frisando que “em política as coisas não acontecem por milagre”, Miguel Albuquerque argumentou que “ou se tomam as decisões certas em termos de Governo ou então temos as consequências”.
“Como não foram tomadas, andou-se a olhar para o lado e a fingir, temos as consequências”, concluiu.
“Umas das medidas que sempre defendi é o controlo das entradas no país”, realçou, apontando que, se a Madeira “não o tivesse feito, a região estava caótica”.
Miguel Albuquerque ainda vincou: “Quando começa a aumentar a pandemia, parece que o grande feito nacional é uma final de futebol. Andamos a brincar ou quê?! Isto é para levar a sério”.
Afirmando não ser contra o evento desportivo (final da Liga dos Campeões) porque “tudo deve ser realizado”, o governante defende que a “prioridade é tomar decisões e algumas já deviam ter sido tomadas”.
O presidente do Governo da Madeira teceu ainda opiniões acerca da situação da TAP, afirmando que considerou “estranha” a declaração do presidente do PS, Carlos César, de que “a TAP não era assunto regional”.
“Se não é, para que serve a TAP? Se não serve para as comunidades, se não serve para as regiões e para o país, serve para quê?”, questionou.
Antes de visitar a obra de recuperação da levada, Miguel Albuquerque esteve numa exploração agrícola na freguesia da Ribeira Brava, com uma área total de 5.600 metros quadrados, pertencente a uma empresa agrícola lusodescendente radicada há seis anos na Madeira que produz banana e maracujá para exportação e o mercado regional.
Este é um projeto que foi apoiado pelo Programa de Desenvolvimento Rural da Madeira (PRODERAM), através de três candidaturas, num total de 131.499,00 euros.
Miguel Albuquerque ainda insistiu nas críticas à “falta de diálogo” por parte do Governo da República, recordando que aguarda há três meses por respostas às solicitações da Madeira
“Continuamos num diálogo de surdos com Lisboa”, referiu, mencionando que há dossiês que estão a ser trabalhados em sede da Assembleia da República.
A Madeira tem reivindicado a moratória no empréstimo concedido à região na sequência do programa de ajustamento e autorização para poder endividar-se, o que passa pela alteração da Lei das Finanças Regionais.
O Vice-presidente do Governo da Madeira já veio a público dizer que o novo ministro das Finanças, João Leão, começou o relacionamento institucional com esta região com “o pé esquerdo”, mostrando indisponibilidade para conceder as moratórias
Pedro Calado também criticou o ministro por ter considerado que " o financiamento ou empréstimo em 10% do PIB de 2018 é mais do que suficiente para cobrir os custos que a Madeira teve e para fazer face à prestação do empréstimo, o senhor ministro não podia começar de pior forma".
C/Lusa