No discurso de abertura do 45.º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que hoje se inicia no Funchal, Madeira, o presidente da associação, Pedro Costa Ferreira, disse "a questão aeroportuária e as questões relacionadas com as duas maiores companhias aéreas portuguesas, TAP e SATA, devem merecer atenção".
"Não sei se o Montijo é a melhor resposta ao problema do crescimento do ‘hub’ de Lisboa, ou se será Alverca, como alguém diz agora, ou Alcochete, como alguém decidiu no passado. Hoje, após anos e anos de debate, os governantes deste país voltaram a decidir, e confessamos que seria para nós frustrante, se a cerimónia de há cerca de um ano [lançamento da primeira pedra do Montijo], que reuniu centenas e centenas de pessoas, na base aérea do Montijo, não tiver sido mais do que uma brincadeira de mau gosto", afirmou Pedro Costa Ferreira no congresso, que reúne cerca de 750 participantes, e que contou com a presença da secretária de Estado do Turismo.
Mas, "provavelmente mais importante", acrescentou, é para a APAVT "sublinhar que o problema aeroportuário não é um problema apenas do ‘hub’ de Lisboa, e muito menos um assunto de mera engenharia".
"O Algarve tem problemas de sazonalidade não resolvidos, e que não se resolverão com nenhuma obra de engenharia. A Madeira tem um problema de inoperacionalidade que vem matando a confiança dos ‘players’ e vem afastando lenta, mas inexoravelmente os aviões da pista em que todos aterrámos nos últimos dias", reforçou.
Pedro Costa Ferreira classifica esta questão como "inexplicável", pois, em seu entender, "nos últimos anos os ventos não se alteraram, a tecnologia de gestão da aproximação das aeronaves melhorou e a tecnologia a bordo dos aviões igualmente se aperfeiçoou".
O que "piorou", acrescentou, foi "o número de aproximações à pista autorizadas, o que, face ao quadro descrito, é simplesmente inimaginável e portador de prejuízos incalculáveis".
"Os problemas aeroportuários são tanto da engenharia, como da política turística. E não é um problema de Lisboa, é de todo um país, país que certamente gostaria de ver, nesta legislatura, uma perfeita interação entre as tutelas do turismo e dos transportes, já que, uma vez mais, não podemos ter os dois temas debaixo da mesma tutela", disse ainda.
Na mesma linha, o presidente da APAVT quis aproveitar a ocasião "para comentar o atual quadro de referência, no que concerne às duas principais companhias aéreas nacionais", TAP e SATA.
"Quanto à SATA, de cujo percurso, dir-se-ia, pior seria impossível, apenas podemos esperar que um conjunto alargado de esforços, de um espetro diversificado de ‘players’, consiga trazer para a companhia, uma solução societária, uma estratégia credível, uma esperança de recuperação financeira, e, o mais importante, confiança na operação. Assim por junto, parece uma tarefa inacessível a simples humanos, mas como a necessidade aguça o engenho… aguardemos", afirmou.
Já quanto à TAP, Pedro Costa Ferreira destaca que, "ao contrário da SATA", esta "tem feito um percurso interessante e louvável de crescimento, de inovação técnica e de meritória procura de novos mercados", mas que "uma e uma vez mais, não entrega resultados financeiros".
"Se o ano passado se esperava que o prejuízo fosse não recorrente, este ano o primeiro semestre deixa antever um agravamento do resultado final, mesmo em momento de crescimento da operação".
Pedro Costa Ferreira abordou ainda o facto de a TAP ter anunciado às agências de viagens "um novo modelo de distribuição" para referir que "as linhas vermelhas que a APAVT, pela sua própria natureza, não poderá deixar que sejam ultrapassadas", desde logo e "em primeiríssimo lugar, a questão da equidade no mercado, da igualdade de oportunidades para todos os agentes, da liberdade de escolha do consumidor".
"Sobre este assunto, se é verdade que já efetuámos imensos progressos, fruto do diálogo intenso que temos mantido com a companhia aérea, também não é menos verdade que mantemos dúvidas importantes e aspetos que nos parecem ter, ainda, que ser corrigidos. Defenderemos sempre a igualdade de acesso ao mercado, bem como defenderemos sempre que esta igualdade de acesso tem de acontecer no mesmo momento para todos", concluiu.
C/Lusa