“Não notamos nenhum fluxo migratório da África do Sul para a Madeira. O que há, e já há algum tempo, é uma movimentação de lusodescendentes para países anglo-saxónicos”, disse, adiantando que as escolhas para mudança de vida recaem em países como a Austrália, Reino Unido e Canadá.
Os últimos dados oficiais das autoridades sul-africanas indicam que a recente onda de violência xenófoba contra locais e estrangeiros resultou na morte de 12 pessoas, a maioria sul-africanos, mais de 600 detidos e no repatriamento voluntário de 600 nigerianos e cerca de 140 moçambicanos desde o início, em 01 de setembro.
Pelo menos 12 comerciantes e empresários portugueses, em Malvern, Benrose, Jeppestown, Germiston, Denver, Tembisa e Katlehong, epicentro do conflito em Joanesburgo, foram alvo de violentos saques e destruição dos seus negócios.
Segundo estimativas relatadas à Lusa pelos proprietários, os prejuízos materiais nas lojas portuguesas ascendem a 43,5 milhões de rands (cerca de 2,7 milhões de euros).
Sancho Gomes explicou que esta recente onda de violência na África do Sul, especialmente em Joanesburgo, foi perpetrada essencialmente por africanos contra africanos e só paralelamente é que a comunidade portuguesa e os madeirenses, que são a maioria dos portugueses residentes naquele país, foi afetada.
“Temos acompanhado e não temos relato de nenhum madeirense que tenha sido afetado na sua integridade física. Alguns negócios foram afetados, pilhados, mas não houve situações de maior”, disse.
O diretor regional das Comunidades adiantou que nas conversas que tem mantido com a comunidade portuguesa e com o movimento associativo tem sido transmitida alguma preocupação com o evoluir da situação, quer com a questão económica do país, quer com o emergir de algum radicalismo na sociedade sul-africana, mas que não se traduz em fluxo migratório.
Segundo as autoridades consulares portuguesas, cerca de 200 mil cidadãos encontram-se registados na África do Sul, 68 mil destes na grande Joanesburgo, mas líderes comunitários acreditam que os números sejam superiores.
Em 15 de setembro, o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, enviou uma missão a sete países africanos para entregar mensagens de solidariedade devido à vaga de violência xenófoba no país.
Moçambique e Portugal, cujas diásporas na África do Sul foram também afetadas pela violência xenófoba, não foram mencionados no comunicado presidencial como parte do itinerário dos enviados especiais nomeados pelo chefe de Estado sul-africano.
De acordo com o comunicado, os enviados são portadores de uma mensagem do Presidente Ramphosa "sobre os incidentes de violência contra imigrantes estrangeiros na África do Sul, que se manifestaram em ataques a estrangeiros e na destruição de propriedades".
C/ LUSA