"Na Madeira, existem 40.000 consultas hospitalares em lista de espera, 16.000 exames médicos complementares e 20.000 cirurgias. Tudo isto somado, a região tem 76.000 atos médicos em listas intermináveis que este Governo regional já demonstrou ser incapaz de resolver", salientou Victor Freitas no debate potestativo requerido pelo grupo parlamentar do PS sobre o "Estado do Sistema Regional da Madeira".
O parlamentar socialista considerou ainda que o governo regional liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque "nunca percebeu que a Saúde é a área mais sensível da governação", mas que o que os utentes encontram é o "calvário" das listas de espera.
Acusou ainda o executivo de desviar dinheiros do setor para "obras públicas não prioritárias”.
Criticou também o funcionamento da Unidade de Medicina Nuclear do SESARAM, remetendo, contudo, a sua avaliação para a Comissão de Inquérito parlamentar, que na quarta-feira foi nomeada.
O deputado e presidente do CDS/PP, Rui Barreto, chamou a atenção que "a área mais frágil" do XII Governo Regional "é a Saúde", lembrando igualmente que a situação no continente "não é melhor" e que os socialistas apenas estavam a "surfar o descontentamento popular" em ano de eleições.
O deputado do PSD João Paulo Marques considerou que o debate não era para "branquear problemas ou esconder problemas", mas realçou que os sociais-democratas não aceitam que "façam da Saúde um saco de pancada até ao dia das eleições, criando um caos que não existe".
O líder do grupo parlamentar do PSD, Jaime Filipe Ramos, acusou, por seu lado, o PS de "não ter trazido soluções" e de querer trazer para a Madeira "o pior de Portugal, que é o Serviço Nacional de Saúde, cujos profissionais dizem que “está num caos".
Lembrou as conclusões de um relatório do Tribunal de Contas, designadamente factos que referiam que "a Administração Central do Sistema de Saúde falseou os dados da lista de espera".
Roberto Almada, do BE, acusou o secretário regional da Saúde de desviar o centro do debate, nomeadamente a situação do Sistema Regional da Saúde para o Sistema Nacional da Saúde, classificando de "patética" essa orientação.
O bloquista também criticou o desvio de doentes do setor público para o privado e alertou que a "Saúde das pessoas não pode ser um negócio".
Élvio Sousa, do JPP, perguntou como é que o utente pode confiar no Sistema Regional de Saúde se a lista de espera para cirurgias passou de 16.000, em 2015, quando o Governo Regional tomou posse, para mais de 19.000, em 2019.
"Estamos numa falência de órgãos", alertou o líder do grupo parlamentar do JPP.
A deputada do PTP Raquel Coelho criticou o facto de médicos em especialidades carenciadas [anestesistas] estarem “a exercer funções de gestão", quando deviam estar a cumprir a sua especialidade.
"Há erros grotescos de gestão", concluiu a deputada.
O deputado não inscrito (ex-PND) Gil Canha lamentou também que o Governo Regional tenha regressado "à gula do betão", desviando recursos da Saúde.
A deputada do PCP Sílvia Vasconcelos considerou que a Saúde "lamentavelmente anda doente na região", devendo ser uma "prioridade" para todos os cidadãos e não "um negócio".
Para a deputada, o setor público não deve ser "um mediador e um protetor de negócios privados", defendendo a não promiscuidade entre o setor publico e o privado e a respetiva "predação de dinheiros públicos".
C/ LUSA