"Fiquei satisfeito, agora ficaria mais satisfeito se fosse concretizado este ano, uma vez que celebramos os 600 anos da descoberta e colonização da Madeira e seria interessante e importante associar esta data, esta efeméride, à celebração do Dia de Portugal", disse o chefe do executivo madeirense, antes do início da reunião do Conselho do Governo.
Miguel Albuquerque não compreende a justificação avançada pela Presidência da República de "não realizar tais comemorações numa Região Autónoma em ano de eleições regionais".
"Ao fim destes anos todos de democracia não somos nenhuns pategos para não perceber a diferença entre aquilo que é a atividade partidária e a atividade institucional", declarou, vincando que "as eleições vão acontecer na Madeira, como vão acontecer a nível nacional".
O líder do Governo Regional considerou ainda que, entre 10 de Junho – Dia de Portugal – e 22 de setembro – data das eleições legislativas na Madeira -, existe um "distanciamento temporal suficiente", pelo que "não vê que uma coisa tenha implicações com a outra".
"Celebrávamos aqui o 10 de Junho, tinha as representações institucionais, a região estava representada, as câmaras [municipais] estavam representadas, o Estado estava representado, as Forças Armadas estavam representadas e nada tinha a ver com eleições", afirmou.
Segundo uma nota publicada na página de Internet da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa "confirmou hoje aos presidentes da Assembleia Legislativa e do Governo Regional da Madeira que as cerimónias do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas se realizarão em 2020 naquela região autónoma".
"Para 2019, o Presidente da República decidiu manter a orientação, anterior ao seu mandato, de não realizar tais comemorações numa Região Autónoma em ano de eleições regionais", lê-se na mesma nota.
Miguel Albuquerque realçou, no entanto, que os 600 anos da descoberta da ilha constituem uma "festa de todos os madeirenses", pelo que seria "interessante em termos de projeção da efeméride" que as comemorações do 10 de Junho ocorressem na região.
O Presidente da República anunciou em 14 de janeiro que as comemorações do Dia de Portugal em 2019 terão lugar em Portalegre, prosseguindo depois em Cabo Verde.
Três dias antes, a vice-presidente da Assembleia Legislativa da Madeira Fernanda Cardoso tinha dito que este órgão aguardava "com expectativa" a resposta formal do chefe de Estado ao seu convite para estar na região no dia 10 de Junho.
Desde então, Marcelo Rebelo de Sousa tem recebido críticas de governantes e dirigentes sociais-democratas madeirenses, incluindo do presidente do PSD/Madeira e do Governo Regional, Miguel Albuquerque, que lhe pediu outra atitude perante o que considera ser uma "discriminação" do Governo da República face ao arquipélago.
O deputado do PSD/Madeira José Prada acusou o chefe de Estado de "virar as costas aos madeirenses" e de se mostrar "mais preocupado em andar de camião, em dar uns banhos".
Quando tomou posse, em 2016, Marcelo Rebelo de Sousa lançou um modelo inédito de comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, acertado com o primeiro-ministro, António Costa, que as celebrações começam em território nacional e se estendem a um país estrangeiro com comunidades emigrantes.
Nesse ano, o Dia de Portugal foi celebrado entre Lisboa e Paris. Em 2017 as comemorações foram no Porto e nas cidades brasileiras do Rio de Janeiro e São Paulo. E, em 2018, dividiram-se entre Ponta Delgada, nos Açores, e as cidades de Boston, Providence e New Bedford, na Costa Leste dos Estados Unidos da América.
C/ LUSA