"O maior órgão do poder regional não se está a dar ao respeito. Quando está em pleno curso um plenário desta assembleia, que é a reunião mais importante desta instituição, e se marcam eventos em simultâneo eu, enquanto deputado e madeirense, sinto-me revoltado", afirmou.
O parlamento discutia o primeiro ponto da agenda de hoje quando o deputado pediu desculpa por se "desviar do tema" em discussão, para criticar a ausência do presidente da Assembleia Legislativa e dos líderes dos grupos parlamentares, que saíram para receber a Comissão de Defesa Nacional que está em visita à Região Autónoma da Madeira.
Continuou dizendo que os trabalhos quase ficaram suspensos "para receber um grupo de visitantes", algo que "não é digno", argumentando que deveria ser a comissão a ajustar-se aos trabalhos do plenário.
"Não é a Assembleia Legislativa da Madeira (ALM), órgão maior da autonomia da Madeira, que se tem de adaptar às visitas de estranhos, mas sim os estranhos e as suas visitas que se têm de adaptar à agenda da assembleia", afirmou.
Carlos Rodrigues disse ainda não estar "em causa a importância da visita", nem da comitiva, "apenas a dignidade do parlamento", recordando que a ALM é acusada "de não se dar ao respeito" e de ser considerada "algo desnecessária".
Afirmou ainda ser necessário que a ALM se dê ao respeito, senão jamais "será respeitada".
Esta posição foi também assumida pelo deputado do Bloco de Esquerda Rodrigo Trancoso que concordou com a argumentação do PSD, reconhecendo "a pertinência" da intervenção.
"Esperar que no futuro os líderes parlamentares, em situações similares, façam ver junto da presidência da assembleia que não tem de ser a assembleia regional a sujeitar-se à agenda das entidades externas", disse.
Argumentou ainda não fazer sentido que o plenário "fique amputado" de deputados para se poder adequar à agenda de quem está a visitar.
Questionado pela Lusa, o presidente da ALM, Tranquada Gomes, recusou fazer qualquer comentário, alegando "desconhecer o que o deputado disse" e reiterando que "não faz comentários ao que os parlamentares dizem".
A Comissão de Defesa Nacional acabou por estar no plenário, mas apenas por cerca de três minutos, enquanto decorria a normal sessão da ALM.
O parlamento regional discutiu hoje dois projetos de decreto legislativo.
Um que pretende alterar o regime jurídico do doador de sangue na Madeira, da autoria do Bloco de Esquerda, e um outro, proposto pelo PSD, para a criação do estatuto social do bombeiro da Região Autónoma da Madeira.
Estes projetos serão votados na quinta-feira, tal como dois votos de pesar: um pela morte de Júlio Pomar, da autoria do JPP, e um outro proposto pelo Bloco de Esquerda pela morte de António Loja Nunes.
Os dois diplomas deverão ser aprovados por unanimidade.
C/ LUSA