O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, disse hoje que a região autónoma é líder ao nível nacional na extração de produtos do mar para fins alimentares, sobretudo através da aquacultura, mas alertou para o perigo das monoculturas.
“Estamos a ter um crescimento exponencial na industria da aquacultura na Madeira e somos, neste momento, o centro mais avançado de produção de peixe em aquacultura do país, mas é importante também não cairmos na monocultura”, afirmou, lembrando que a produção regional consiste essencialmente em dourada, pelo que “é fundamental que haja diversificação”.
Miguel Albuquerque fez estas declarações na freguesia do Caniçal, na zona leste da ilha, no decurso da reunião de lançamento de um projeto europeu de combate à poluição marinha de plástico com recurso a biomassa produzida a partir de águas-vivas.
O projeto “GoJelly – A gelatinous solution to plastic pollution” conta com um financiamento de seis milhões de euros da Comissão Europeia e envolve 15 parceiros oriundos de seis países europeus (Portugal, Alemanha, Noruega, Itália, França, Eslovénia) e ainda de Israel e da China.
O Observatório Oceânico da Madeira (OOM) é o parceiro português, dispondo de uma verba de 400 mil euros para desenvolver a parte da investigação que lhe compete, nomeadamente a captura de águas-vivas e o estudo do seu ciclo de vida em laboratório.
“O objetivo é transformar uma praga num recurso”, explicou João Canning-Clode, um dos investigadores do OOC, realçando que a ideia é “inovadora” e visa processar as águas-vivas de modo a obter um muco que depois será usado para produzir biofiltros de combate à poluição marinha por microplásticos (resíduos com menos de cinco milímetros).
O projeto atua em duas vertentes.
“Por um lado, temos a praga das águas-vivas, em que surgem de repente e podem ser um problema de saúde pública e também um problema ecológico, porque competem com espécies locais. Por outro lado, temos o problema da poluição marinha por microplásticos, que é um problema mundial”, explicou João Canning-Clode.
O “GoJelly pretende ainda investir nas componentes da gastronomia e da produção de cosméticos e fertilizantes a partir de águas-vivas.
É o primeiro projeto aprovada para a Madeira pelo programa Horizonte 2020, no âmbito da economia azul – investimentos na área dos oceanos –, onde o presidente do Governo Regional considera que a “aposta da Madeira está a ser concretizada”.
“Relativamente à área dos oceanos, vamos liderar ao nível nacional, sobretudo na extração de produtos do mar para fins medicinais e também alimentares”, disse Miguel Albuquerque, realçando que o sucesso da região ao nível da aquacultura, do Registo Internacional de Navios e de vários projetos de investigação científica em curso demonstra a importância de passar da teoria à prática.
LUSA