A comissária europeia da Política Regional, Corina Cretu, considerou hoje que Açores e Madeira, "duas regiões avançadas" no contexto das regiões ultraperiféricas da União Europeia, podem explorar ainda mais o seu potencial com a nova estratégia lançada por Bruxelas.
Em entrevista à Lusa em Caiena, Guiana Francesa, à margem da XXII Conferência das Regiões Ultraperiféricas (RUP), Corina Cretu apontou que Açores e Madeira são hoje "destinos turísticos muito importantes", mas podem e devem investir noutras áreas, como a investigação, incluindo tecnologia espacial, crescimento azul, economia verde, energias renováveis, mobilidade e modernização do setor agroalimentar, algo que, sustentou, é incentivado pela nova estratégia da UE.
Ao mesmo tempo, enfatizou, Açores e Madeira devem apostar forte na Educação, pois "entre os grandes problemas que estas regiões enfrentam contam-se uma taxa de desemprego jovem muito elevada, baixos níveis de qualificação e um elevado nível de abandono escolar".
A comissária, que esta semana apresentou a comunicação da Comissão intitulada "Uma parceria renovada e mais forte entre a União Europeia e as Regiões ultraperiféricas", defendeu que esta nova estratégia, principal tema em discussão na conferência de Caiena, "é agora muito focada nos problemas concretos das regiões" e, uma vez implementada, ajudá-las-á a "potenciar aquilo que muitas vezes é visto como uma desvantagem".
"Criámos uma plataforma para as nove regiões e, após os debates desta semana, começaremos a trabalhar para implementar esta estratégia, a par uma ‘task force’ para cada região, porque todas têm desafios comuns mas cada região é única, pelo que é necessário ter uma abordagem à medida de cada uma. Queremos que esta estratégia tenha o máximo impacto na população destes territórios, e estamos a falar de cerca de 5 milhões de cidadãos", disse.
Lamentando que a taxa de absorção dos fundos europeus por parte das regiões ultraperiféricas seja particularmente baixa, Cretu disse que a Comissão quer "ajudá-las a aplicar o dinheiro que lhes foi alocado pela União Europeia", mas frisou que grande parte da responsabilidade cabe aos Estados-membros e às regiões em particular.
"Sou muito franca com todos os presidentes (das RUP): desta vez não pode ser ‘business as usual’ (tudo como sempre), temos de lutar por esta política e o melhor argumento para defendê-la é mostrar projetos no terreno", advertiu.
Segundo a comissária, a comunicação agora apresentada "é muito boa porque pela primeira vez estabelece quem faz o quê, o que cabe à Comissão Europeia e qual a parte das regiões", já que "até agora, era uma espécie de ‘jogo da culpabilização’, com toda a gente a esperar tudo de Bruxelas", quando o papel da Comissão é de ser facilitadora, e "não fazer projetos desde Bruxelas", sendo essa "uma responsabilidade a 100%" dos Estados-membros e regiões.
LUSA