Guterres "tem-se destacado pelo seu compromisso com a defesa dos Direitos Humanos e da ordem internacional baseada em regras", disse a porta-voz do Governo espanhol, a ministra Isabel Rodríguez, numa conferência de imprensa hoje em Madrid, a seguir à reunião do Conselho de Ministros em que foi aprovada a atribuição da condecoração.
A ministra acrescentou que o compromisso de Guterres com o Direito internacional e humanitário ficou "especialmente em evidência nas últimas semanas" por causa da guerra de Israel com o grupo islâmico Hamas e a defesa "dos Direitos Humanos da população civil palestiniana".
O Governo espanhol atribuiu ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e antigo primeiro-ministro de Portugal o Colar da Real e Distinta Ordem Espanhola de Carlos III, a mais alta condecoração civil do estado espanhol.
Guterres tem feito nas últimas semanas apelos a um cessar-fogo humanitário na guerra de Israel e do Hamas que transformou a Faixa de Gaza "um cemitério de crianças" palestinianas, segundo as suas palavras.
Declarações como esta têm desencadeado críticas de Israel a Guterres, com o Governo de Telavive a pedir a sua demissão do cargo de secretário-geral da ONU por considerar que está a justificar e a defender as ações do Hamas, um grupo considerado terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
No seu mais recente discurso na ONU, Guterres afirmou que enquanto o exército israelita “continua a bombardear e a espancar civis, hospitais, campos de refugiados, mesquitas, igrejas e edifícios da ONU”, o Hamas “usa civis como escudos humanos”.
Para Guterres, o caminho a seguir é “um cessar-fogo humanitário” e todas as partes estão a cometer violações do direito internacional humanitário.
O movimento islamita palestiniano Hamas realizou um ataque surpresa contra Israel em 7 de outubro, que fez mais de 1.400 mortos, na maioria civis, e cerca de 5.000 feridos, além dos mais de 200 reféns, de acordo com as autoridades israelitas.
A retaliação de Israel contra a Faixa de Gaza começou logo depois, com cortes do abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que completou na quinta-feira passada o cerco à cidade de Gaza.
A guerra entre Israel e o Hamas já fez, na Faixa de Gaza, mais de 10.000 mortos, entre os quais mais de 4.000 crianças, mais de 25.400 feridos e cerca de 1,5 milhões de deslocados, segundo o mais recente balanço das autoridades locais.