A Câmara madeirense de Santa Cruz, que assinala 500 anos esta quinta-feira, vai criar uma marca própria para distinguir o município, valorizando-o do ponto de vista comercial, em áreas como ambiente, cultura e património.
"Estabelecemos um protocolo com a Universidade de Lisboa, através do qual os especialistas estão a identificar os nossos pontos fracos e as nossas potencialidades. Queremos valorizar as potencialidades e comercializá-las como produto de marca Santa Cruz", disse à agência Lusa o presidente da autarquia, Filipe Sousa.
Cinco séculos após a criação do concelho, um dos mais antigos da Madeira, o objetivo do executivo camarário é "equilibrar as contas até ao final do ano e apresentar a marca Santa Cruz já no próximo mês de setembro", salientou o autarca, eleito em 2013 pelo movimento de cidadãos Juntos Pelo Povo (JPP).
Filipe Sousa sublinhou ter herdado uma câmara [antes liderada pelo PSD] "super endividada" e "completamente falida", com um passivo superior a 43 milhões de euros, que, entretanto, foi reduzido para 12 milhões por via do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL) e de um "esforço financeiro próprio".
"Pagámos já seis milhões de euros das nossas receitas próprias", disse, vincando que, para equilibrar as contas e obter folga para investimento, é necessário colocar a dívida nos oito milhões de euros.
"Falar em investimento este ano não é fácil. Temos feito algum, mas não o grande investimento que é necessário, por exemplo, na área do saneamento básico e na renovação da rede de água potável", afirmou Filipe Sousa, salientando que Santa Cruz perde 60% da água que disponibiliza por ter uma rede obsoleta.
A autarquia enfrenta, no entanto, dificuldades em receber a terceira ‘tranche’ do PAEL, no valor de 3 milhões de euros, por não ter procedido ao aumento dos impostos municipais, conforme previsto no acordo. Ainda que a dívida tenha sido reduzida, os órgãos autárquicos correm o risco de serem dissolvidos e os titulares de perderem os mandatos por não terem respeitado as determinações do PAEL.
Santa Cruz, cuja vila foi elevada a cidade em 1996, foi o concelho da Região Autónoma da Madeira que registou o maior crescimento populacional, contando com 43 mil habitantes (Censos 2011). Por outro lado, ocupa o segundo lugar no índice de desemprego da população com idade igual ou superior a 25 anos (15,6%).
O município, constituído por cinco freguesias (Caniço, Gaula, Santa Cruz, Santo António da Serra e Camacha) assume-se como potencial espaço de crescimento demográfico e económico, sobretudo por ser vizinho, a leste, do Funchal. Atualmente, é o segundo polo turístico da Madeira, dispondo de 18 unidades hoteleiras, num total de 3.831 camas.
"Santa Cruz não pode ser apenas a porta de entrada da Madeira, por ter o aeroporto internacional. Santa Cruz tem de ser também motivo de paragem obrigatória", afirmou Filipe Sousa, sublinhando que o executivo do JPP (Juntos pelo Povo) foi o primeiro a criar o pelouro do Turismo e, agora, aposta na criação duma marca própria e distintiva.