Os setores do Serviço de Saúde da Madeira (Sesaram) considerados "fundamentais" estão a ser "gradualmente repostos", após o ataque informático ocorrido no dia 06 de agosto, indicou hoje o secretário regional da tutela, sublinhando que a "investigação criminal" prossegue.
"O ponto de situação é que estamos a funcionar, o serviço de urgência está a funcionar, as consultas estão a funcionar, o laboratório está a funcionar", disse Pedro Ramos, para logo acrescentar: "Aquilo que está a acontecer é o seguinte: durante esta semana, em que não houve paragens, tivemos de adotar um outro modelo de funcionamento, que é o modelo de papel".
O governante madeirense falava em conferência de imprensa, no Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal, após uma reunião entre a Secretaria Regional da Saúde e Proteção Civil, o conselho de administração do Sesaram, as direções técnicas e o Agrupamento de Centros de Saúde, na sequência do ciberataque do dia 06 de agosto.
"Aquilo que podemos dizer é que os serviços que são considerados fundamentais para os nossos profissionais e para os nossos utentes estão a ser gradualmente repostos com a máxima segurança, uma vez que estamos a trabalhar com empresas de cibersegurança", disse.
Pedro Ramos realçou que o ataque informático foi de "grande dimensão", sublinhando que o "sistema de saúde (da Madeira) foi posto em causa".
"Aquilo que estamos a fazer é, através das empresas de cibersegurança que estão a trabalhar com o Sesaram, procurar recuperar todos os serviços que são necessários e que têm de estar disponíveis diariamente", disse, reforçando: "Estamos numa fase de conter a propagação desta intromissão de origem criminosa e, ao mesmo tempo, começarmos a investigação à forma como tudo isto foi processado".
O ataque informático ao Sesaram foi sinalizado às 08:11 de domingo, 06 de agosto, e provocou uma "disfunção na rede informática", afetando os hospitais e centros de saúde do arquipélago, com bloqueio no acesso aos registos dos utentes.
Na segunda-feira, 07 de agosto, o Serviço Cibersegurança do Governo Regional indicou que o tempo de recuperação do ataque seria "prolongado" e apelou aos utentes para tomarem "cuidados redobrados" no acesso à informação.
O responsável do serviço, Nuno Perry, explicou, nesse dia, que tudo apontava que os dados clínicos dos utentes estavam preservados e não teriam sido comprometidos, o mesmo não acontecendo com outros dados, nomeadamente ao nível dos números de identificação pessoal.
Nuno Perry disse também que "não foi pedido nenhum resgate", embora o ataque tenha sido reivindicado pela organização norte-americana Rhysida.
Já na sexta-feira, 11 de agosto, o presidente do Governo da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, anunciou um reforço de 15 milhões de euros do investimento na cibersegurança do Sesaram, afirmando também que o executivo não pretende "ceder a chantagistas" após o ciberataque.
"Nós não temos qualquer condição, mesmo até do ponto de vista político, ético e moral, para estar a ceder a chantagistas", disse Miguel Albuquerque, referindo-se a um eventual pedido de resgate por parte dos autores do ataque.
O governante não confirmou se efetivamente foi feito um pedido de resgate, mas referiu-se aos responsáveis como "criminosos ignóbeis que aproveitam esta situação para pedir resgates", realçando que se trata de "matéria de índole criminal" que foi "entregue às instâncias competentes".