Insistindo no pedido de ajuda ilimitada contra a Rússia, o Presidente ucraniano, que se dirigiu aos líderes da NATO por vídeo, disse que uma pequena percentagem dos aviões de guerra e dos tanques controlados pelos membros da organização pode fazer a diferença.
Reunidos em cimeiras da NATO e da União Europeia, os líderes ocidentais mostraram cautela para evitar uma escalada do conflito para além das fronteiras da Ucrânia.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, e os aliados ocidentais prometeram novas sanções à Rússia e mais ajuda humanitária à Ucrânia, mas as suas ofertas ficaram aquém da ajuda militar pedida por Zelensky.
Biden também defendeu que a Rússia devia ser expulsa do G20 e advertiu que Washington "responderá" se Moscovo usar armas químicas em território ucraniano.
Mantendo a pressão sob Moscovo, os EUA anunciaram novas sanções contra a Duma (câmara baixa do Parlamento russo) e contra 400 figuras e empresas próximas ao Presidente Vladimir Putin.
O Reino Unido visou mais 59 pessoas e empresas russas e seis bielorrussas, em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, iniciada há um mês.
O secretário-geral da NATO disse que os aliados estão “a fazer o que podem” para armar a Ucrânia e que ouviram “muito atentamente” a intervenção de Zelensky, enquanto o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, estimou que dentro de duas semanas estará definido um vencedor da guerra, apelando à continuação da entrega de armas a Kiev.
A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou hoje, com uma esmagadora maioria de 140 votos, uma resolução responsabilizando a Rússia pela crise humanitária na Ucrânia devido à guerra, que teve cinco votos contra e 38 abstenções, dos 193 Estados-membros das Nações Unidas.
Apresentada pela França e pelo México e apoiada pela Ucrânia, a resolução lamenta as “terríveis consequências humanitárias” da agressão da Rússia, que diz ser “numa escala que a comunidade internacional não vê na Europa há décadas”, e os bombardeamentos, ataques aéreos da Rússia a cidades densamente povoadas, incluindo à cidade de Mariupol, exigindo acesso irrestrito à ajuda humanitária.
Além da questão humanitária, a resolução hoje aprovada na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, "exige" da Rússia um fim "imediato" da guerra na Ucrânia.
Além desta resolução de origem franco-mexicana, a Assembleia Geral tinha ainda sob avaliação uma outra resolução humanitária proposta pela África de Sul, que, por sua vez, optava por deixar de fora qualquer responsabilização de Moscovo pela guerra, o que levou o projeto a ser duramente criticado por não identificar o agressor.
Nesse sentido, a resolução da África do Sul não reuniu sequer apoio suficiente para ir a votos, após apelos da Ucrânia para que isso não acontecesse.
A Ucrânia acusou hoje Moscovo de levar à força milhares de civis da cidade portuária de Mariupol para a Rússia, que podem ser usados como "reféns" para pressionar uma rendição, mas a Rússia diz que os civis estão a sair por vontade própria.
Lyudmyla Denisova, provedora de Justiça da Ucrânia, disse que 402.000 pessoas, incluindo 84.000 crianças, foram levadas para a Rússia contra a sua vontade.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia disse que 6.000 dos que foram forçados a ir para a Rússia eram da cidade portuária devastada de Mariupol.
Ao fim de um mês de conflito, a Rússia e a Ucrânia procederam hoje à primeira grande troca de prisioneiros de guerra desde o início da ofensiva russa, há um mês, segundo a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Verechtchuk, na rede social Facebook.
“Em troca de dez invasores capturados, recuperámos dez dos nossos militares”, escreveu Verechtchuk.
Foram também enviados para a Rússia onze fuzileiros navais russos, sobreviventes ao naufrágio de um navio no mar Negro, perto de Odessa, em troca do regresso à Ucrânia de 19 marinheiros civis ucranianos capturados pelos russos.
No campo de batalha, a marinha ucraniana disse que afundou um grande navio de desembarque perto da cidade portuária de Berdyansk, usado para abastecer as forças russas com veículos blindados, que danificou mais dois navios e que destruiu um tanque de combustível de 3.000 toneladas.
A Rússia alegou ter tomado a cidade oriental de Izyum após “combates ferozes”.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.035 mortos, incluindo 90 crianças, e 1.650 feridos, dos quais 118 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,70 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Lusa