Segundo o OVCS, o número de protestos ocorridos em setembro foi 394% superior ao mesmo mês de 2017, quando foram documentados 199 protestos.
Num relatório, o OVCS explica que "a exigência de direitos económicos, sociais, culturais e ambientais motivaram 856 protestos”.
Quanto aos principais motivos, os protestos pretenderam exigir garantias nos contratos coletivos e outras reivindicações laborais, em setores como a saúde, educação, eletricidade, telecomunicações, transporte e siderurgia.
Houve também protestos devido ao colapso de serviços básicos, como a falta de água potável, de eletricidade e de gás doméstico, e de pensionistas para exigir o direito à segurança social.
Já os reformados reclamaram contra o pagamento fracionado da pensão, a falta de medicamentos e por dificuldades no acesso a alimentos.
De acordo com o Observatório, o pacote de medidas económicas anunciado em finais de agosto pelo Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, "aumentou a conflituosidade no país", com vários organismos representantes dos trabalhadores a condenar o "aumento unilateral do salário mínimo" e a exigirem que sejam respeitadas "as contratações coletivas, conseguidas nas lutas sindicais ao longo de anos e que foram ignorados pelas autoridades governamentais".
O OVCS sublinha ainda que o pacote económico ocasionou "maior inflação, carestia de produtos e deterioração dos serviços".
"Algumas empresas e espaços comerciais tiveram de reajustar a sua atividade, optar pelo subsídio do Estado [para pagar o aumento de 35 vezes do salário mínimo] ou cessar, até novo aviso, as operações (…). No caso da administração pública, os trabalhadores deixaram de ter seguros privados [que o Estado contratava] e outros benefícios, o que se traduziu em descontentamento", explica.
Por outro lado, os profissionais da saúde ultrapassam ao dia de hoje três meses em protesto, reclamando salários dignos, materiais médicos, condições sanitárias e de boas infraestruturas para atender os doentes.
O Observatório anunciou ainda que ocorreram 60 protestos para condenar ações do Estado contra opositores e 50 para denunciar violações dos direitos humanos de pessoas presas.
"Nalgumas localidades houve a intenção e prática de pilhagens, como medida desesperada para aceder a alimentos. Em setembro, registaram-se, pelo menos, quatro pilhagens e três tentativas em estabelecimentos comerciais”, continua.
A OVCS destaca que "a Venezuela passa por uma profunda crise social e política, que se agudiza com o passar dos dias".
As previsões do OVCS é de que 2018 será o "ano com maior número de protestos registados” da última década, o que corrobora “o progressivo descontentamento popular e aprofunda a crime humana”.
LUSA