“Os organismos de segurança dos cidadãos estão em permanente alerta e destacados, por ordem do nosso Presidente Nicolás Maduro, em ações de patrulhamento e de informações para garantir proteção, defesa e serviço do povo venezuelano”, anunciou o ministro das Relações Interiores venezuelano, Remígio Ceballos, na sua conta na rede social Twitter.
Na sexta-feira, o ministro da Energia Elétrica, Néstor Reverol, anunciou que a Central Hidroelétrica Simón Bolívar, conhecida como Guri, foi alvo de “um ataque” que provocou a interrupção do fornecimento de eletricidade em pelo menos 20 dos 24 estados do país.
O ataque afetou os estados de Arágua, Apure, Anzoátegui, Barinas, Carabobo, Cojedes, Falcón, Lara, Mérida, Miranda, Monagas, Nova Esparta, Portuguesa, Sucre, Táchira, Trujillo, Vargas, Yaracuy, Zúlia e parte do Distrito Capital, indicaram as autoridades.
Na sequência do anúncio do ministro, o líder opositor Juan Guaidó pediu aos venezuelanos para “não normalizarem a tragédia”.
"O ataque" ao sistema elétrico deve-se "à corrupção, incapacidade, indolência e o sequestro do Estado (…) e esta é a realidade que vivem [os venezuelanos] diariamente no interior do país”, escreveu Guaidó, no Twitter.
Antes, um especialista em geração de energia e riscos tinha alertado, em declarações a jornalistas, que “mais de metade da Venezuela” podia ficar sem energia a qualquer momento. Em "133 anos de história do serviço elétrico venezuelano", 2021 foi "um dos anos mais acidentados", afirmou.
O engenheiro José Aguilar acrescentou que desde o ‘apagão’ de 2019, durante o qual o país ficou vários dias às escuras, ainda não foram conseguidas "melhorias significativas" devido “a uma deficiente capacidade de execução”.
“O país entrou, em 2010, numa crise elétrica sem precedentes, agravada em 2019 com os ‘apagões’ gerais, que ocasionaram uma perda importante de equipamentos na rede de transmissão e distribuição, assim como avarias na geração, devido a negligentes e irresponsáveis práticas operacionais”, disse José Aguilar.
O especialista adiantou que a Venezuela recebeu novos equipamentos de geração elétrica em maio de 2021, mas continua a ter uma deficiente capacidade de execução.
Em 2013, a Venezuela consumia 390 gigawatt-hora (GWh) por dia de eletricidade e atualmente produz 250 GWh ou menos, explicou.
De acordo com o Comité dos Afetados pelos Apagões, no ano passado, registaram-se 157.719 interrupções no fornecimento de eletricidade na Venezuela, quase o dobro dos 80.700 registados em 2019.
Em 07 de março de 2019, ocorreu o maior ‘apagão’ da história do país, quando uma falha na Central Hidroelétrica Simón Bolívar deixou os venezuelanos totalmente às escuras durante cinco dias.
Um ano depois, em 25 de março de 2020, pelo menos 16 estados e parte do Distrito Capital ficaram sem luz.
Em 06 de maio de 2020, 19 dos 24 estados da Venezuela ficaram total ou parcialmente às escuras, numa avaria que afetou também a Internet e as comunicações telefónicas. Treze dias depois, um ‘apagão’ voltou a deixar a cidade de Caracas e mais de metade do país às escuras.
Em 21 de julho de 2021, Caracas e outras 12 regiões venezuelanas registaram vários ‘apagões’ parciais.