“Estão convidados todos os organismos internacionais. Há que ratificar o convite, com tempo, à União Europeia. Têm tempo”, disse.
Nicolás Maduro falava durante uma reunião com dirigentes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no poder) e da Juventude do PSUV, em que pediu à vice-Presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, e ao ministro das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, que tratem desse assunto.
Maduro explicou que o PSUV vai integrar, em um só método, a mobilização, organização e votação, “com uma grande maquinaria para as eleições” dos governadores.
“Devemos unir as nossas forças para ter uma grande vitória nas 23 governações e dar uma lição a esse setor ‘trumpista’ [simpatizante do ex-Presidente dos Estados Unidos Donald Trump] da Venezuela”, frisou.
O convite de Nicolás Maduro surgiu, depois de na segunda-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros europeus terem qualificado as eleições legislativas de 06 de dezembro na Venezuela de uma “oportunidade perdida para a democracia”, reiterando que “não cumpriram os padrões internacionais de um processo democrático”.
Os chefes da diplomacia referiram que a UE “não pode reconhecer o processo eleitoral como sendo credível, inclusivo e transparente” e que, como tal, o “resultado não pode ser considerado representativo do desejo democrático do povo venezuelano”.
Nas conclusões do Conselho dos Negócios Estrangeiros da UE, onde Portugal esteve representado pelo ministro Augusto Santos Silva, os chefes da diplomacia reiteraram também o apelo a que “todos os direitos civis e políticos sejam respeitados” e instaram as autoridades venezuelanas a “libertarem imediatamente e incondicionalmente todos os presos políticos”, salientando também a necessidade de preservar “a liberdade e a segurança de todos os opositores políticos” ao regime de Nicolás Maduro.
“O Conselho refere que a única maneira para se sair da crise na Venezuela é através do resumo atempado das negociações políticas e o estabelecimento urgente de um diálogo e de um processo de transição liderado pela Venezuela que leve a eleições presidenciais e legislativas credíveis, inclusivas e transparentes”, acrescentaram os chefes da diplomacia.
Os ministros advertiram que, face à “deterioração da situação dos direitos humanos, do Estado de direito e da democracia”, a UE está preparada para introduzir novas medidas restritivas “contra aqueles que minam a democracia e o Estado de direito e contra aqueles responsáveis por violações sérias dos direitos humanos”, elaboradas de maneira a não prejudicar a população venezuelana.
A Venezuela tem, desde janeiro de 2020, dois parlamentos parcialmente reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, e um pró-regime do Presidente Nicolas Maduro, liderado por Luís Parra, expulso do partido opositor Primeiro Justiça, mas que continua a afirmar ser da oposição.
A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando Guaidó jurou assumir as funções de Presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas.