Numa conferência de imprensa na Rússia, onde participou, em Moscovo, no 75.º aniversário da vitória da extinta União Soviética sobre a Alemanha nazi na Segunda Guerra Mundial, o chefe da diplomacia venezuelana, Jorge Arreaza, indicou ter enviado a carta ao Procurador Geral do TPI, Fatou Bensouda, por os Estados Unidos terem tomado “medidas coercivas unilaterais no meio da pandemia” do novo Coronavírus.
Para Arreaza, a “agressão” contra a Venezuela “é ainda mais grave nestes momentos”, uma vez que o “ataque se mantém generalizado e sistemático em plena pandemia”
“É um processo tão delicado para a humanidade. Impedir a importação de máscaras, testes, ventiladores, o necessário para a manter a produção económica, que foi afetada em todos os países do mundo pelo novo coronavírus, é um delito de lesa humanidade, sem sombra de dúvidas”, realçou.
Segundo Arreaza, a mais recente medida dos Estados Unidos contra a Venezuela aconteceu quarta-feira, com a imposição de sanções a cinco comandantes de petroleiros iranianos que entregaram 1,5 milhões de barris de petróleo.
O ministro venezuelano recordou que a Venezuela tem bloqueados quase 10.000 milhões de dólares (cerca de 8.860 milhões de euros) nos Estados Unidos e na Europa, além de 31 toneladas de ouro no Reino Unido.
“Esses recursos são dos venezuelanos e não dos Estados Unidos, da Reserva Federal. Não são da oposição nem do Banco de Inglaterra. São para a saúde, para a alimentação, para a casa, uma necessidade social dos venezuelanos”, insistiu Arreaza, que durante a estada em Moscovo também se reuniu com as autoridades russas.
O governante venezuelano defendeu que o TPI deve “dar entrada e decidir quanto antes” sobre a denúncia de Caracas.
Por outro lado, Arreaza negou que tenha havido uma visita ou contactos em Caracas com o marechal Khalifa Haftar, o “homem forte” do leste da Líbia, cujos assuntos internos disse que a Venezuela respeita.
A 08 deste mês, o líder da oposição venezuelano, Juan Guaidó denunciou que o avião do líder do Exército Nacional Líbio (LNA, na sigla em inglês) teria aterrado na Venezuela, sem, contudo, avançar mais dados, mas, num comunicado posterior, o seu gabinete garantiu que Haftar aterrou no país a 07 deste mês.
Arreaza reuniu-se quarta-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, com quem abordou o reforço da cooperação bilateral.
A Rússia e os seus aliados, como o Egito, apoiam Haftar, que visitou várias vezes Moscovo nos últimos meses, enquanto a Turquia apoia o Governo de Tripoli.