Comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Governo venezuelano acusa a União Europeia de ingerência nos assuntos internos e de manter uma "retórica irracional e colonialista".
"O Governo da Venezuelana condena categoricamente as declarações do Serviço Europeu de Ação Exterior da UE que se convertem, novamente, num grosseiro ato de ingerência em assuntos que são da exclusiva competência das instituições venezuelanas", refere o comunicado.
Para o Governo, são "incompreensíveis" os esforços da UE para desmentir que se tratou "de um ato de terrorismo e uma tentativa de magnicídio em grau de frustração", com o propósito de "desencadear um processo violento e perturbar a estabilidade política que o país desfruta desde a eleição da Assembleia Constituinte", avança a mesma nota.
"A UE continua presa na sua retórica irracional e colonialista, preferindo negar as ações terroristas que não só estavam dirigidas a atentar contra a vida do Presidente Nicolás Maduro, mas também contra a vida das máximas autoridades dos poderes públicos, alto comando militar e membros do corpo diplomático presente no ato", acrescenta.
De acordo com o MNE, "as investigação feitas pelos órgãos jurisdicionais competentes projetam elementos que permitem começar um processo de acordo com o Estado de direito, a dois membros da Assembleia Nacional" (parlamento, onde ao posição detém a maioria), aos que foi levantada a imunidade parlamentar, "através de procedimentos constitucionais existentes, de maneira a que possam ser julgados segundo as nossas leis e regulamentos".
"O Presidente Nicolás Maduro está firmemente decidido a continuar o caminho da paz, das leis e da Constituição. Esses são os caminhos da revolução bolivariana, no obstante esse caminho só será possível com justiça e a justiça faz-se presente quanto este tipo de atos que atentam contra a paz da república não ficam impunes", conclui o comunicado.
A União Europeia (UE) pediu, na sexta-feira, a realização de "uma investigação exaustiva e transparente" sobre a tentativa de ataque ocorrida no sábado passado contra o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de forma a esclarecer todos os factos.
"Os recentes acontecimentos aumentaram ainda mais as tensões na Venezuela. A União Europeia rejeita qualquer forma de violência e espera que seja realizada uma investigação exaustiva e transparente sobre o ataque com ‘drones’ [aparelhos aéreos não tripulados] do passado sábado de forma a esclarecer os factos", afirmou o Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), em comunicado.
No sábado passado, duas explosões, que as autoridades de Caracas dizem ter sido provocadas por dois ‘drones’, obrigaram o Presidente da Venezuela a abandonar rapidamente uma cerimónia de celebração do 81.º aniversário da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar).
A cerimónia, que decorria na Avenida Bolívar de Caracas, estava a ser transmitido em simultâneo pelas rádios e televisões venezuelanas e no momento em que Nicolás Maduro anunciou que tinha chegado a hora da recuperação económica ouviu-se uma das explosões.
Sete militares ficaram feridos nas explosões.
As autoridades venezuelanas identificaram, até à data, 25 indivíduos suspeitos de estarem envolvidos no ataque, incluindo dois deputados opositores da Assembleia Nacional.
LUSA