O Diretor da Unidade Operacional de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências (UCAD) alertou hoje para os problemas “dependências crescentes” da “utilização problemática da internet”.
O alerta de Nélson Carvalho foi deixado esta manhã, no parlamento madeirense, durante uma audição perante os deputados da Comissão Especializada de Saúde e Assuntos Sociais. “Pela calada, vai dar mais problemas do que o consumo de droga”, vincou o diretor da UCAD, avisando que “a questão da dependência sem substância”, como a internet e o jogo online, pode trazer graves problemas sociais.
Como exemplos de preocupações apontou a “Apneia do Whatsapp”, ou seja a consulta do Whatsapp de forma compulsiva, sempre à espera de ter recebido uma nova mensagem, e o “Síndrome do Google” em que o cérebro não consegue recordar-se de um determinado dado devido ao facto dessa informação estar disponível facilmente e a qualquer momento nos motores de busca. A generalização e o mau usos das redes sociais começam a estar na origem de patologias do foro mental, avisou.
A audição ao diretor da Unidade Operacional de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências, pedida pelo PS, teve por objetivo prestar “esclarecimentos relativos à capacidade de intervenção da Região Autónoma sobre os comportamentos aditivos”.
Nelson Carvalho começou por dizer que a UCAD trabalha com 138 parceiros nacionais e internacionais, e que tem em curso 26 programas de prevenção. “A Madeira é a Região do país que monitoriza melhor as novas substâncias psicoativas (NSP)”, garantiu. Substâncias que no seu entender devem ser criminalizadas e por isso colocadas na Lei de Combate à Droga (Decreto-Lei nº. 15/93). “Desde o ano 2000 já foram identificadas 790 substâncias novas. E no ano passado foram 54”, exemplificou.
Apesar de se mostrar muito preocupado com o consumo das novas substâncias psicoativas, Nelson Carvalho recusa a ideia de que o problema das toxicodependências seja pior na Madeira ou esteja a agravar-se este ano. “Em 2019 foram feitos 166 internamentos (dados que podem refletir mais do que um internamento por pessoa) e este ano, até outubro, verificaram-se 109 internamentos.”