Segundo anunciou a presidência turca em comunicado na quinta-feira ao final do dia, a cerimónia de assinatura do acordo do envio de cereais, terá lugar no Palácio Dolmabahçe, em Istambul, às 16:30 locais (14:30 de Lisboa).
Para tentar desbloquear a exportação dos cereais russos e ucranianos retidos devido à guerra na Ucrânia, e assim evitar uma crise alimentar global, a metrópole turca foi palco na semana passada de uma reunião de peritos militares da Rússia, Ucrânia e Turquia e de representantes da ONU.
As negociações continuaram nos últimos dias, por videoconferência, segundo afirmou quinta-feira o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Andrei Rudenko.
Números avançados pelos ‘media’ internacionais apontam que mais de 20 milhões de toneladas de cereais e sementes de girassol estão bloqueados nos portos ucranianos do Mar Negro.
Em conjunto, segundo a revista britânica The Economist, a Ucrânia e a Rússia fornecem 28% do trigo consumido no mundo, 29% da cevada, 15% do milho e 75% do óleo de girassol.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, interrompeu as férias para viajar para Istambul, divulgou hoje um porta-voz da organização internacional, Farhan Haq.
A ONU estará representada também pelo vice-secretário-geral para os Assuntos Humanitários, Martin Griffith, e a secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês), Rebeca Grynspan, dois representantes que têm estado envolvidos nas negociações Rússia-Ucrânia, patrocinadas pela Turquia, que decorrem há várias semanas.
Guterres "viaja para Istambul como parte dos seus esforços para assegurar um pleno acesso global aos alimentos ucranianos e aos alimentos e fertilizantes russos", disse o porta-voz, que excluiu, por outro lado, que um futuro acordo possa incluir qualquer alívio das sanções internacionais impostas à Rússia na sequência da invasão da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro.
Farhan Haq salientou que “não se trata de um acordo entre duas partes, Rússia e Ucrânia, é um acordo para o mundo inteiro", uma vez que "centenas de milhares, talvez milhões de vidas humanas podem ser salvas" caso o acordo seja firmado e aplicado.
O representante não precisou quanto tempo poderá demorar o transporte dos cereais ucranianos retidos nos portos do Mar Negro através das rotas negociadas, mas realçou que a ONU e as "outras partes" estão a trabalhar para que isso seja feito "o mais rápido possível".