Desemprego, trabalho precário, dificuldades de acesso à habitação e insucesso escolar são os principais problemas dos jovens identificados pelas autarquias, segundo um estudo que revela que mais de 90% dos municípios não têm um plano municipal de juventude.
Os dados constam do estudo “Juventude(s): Do Local ao Nacional. Que intervenção?” realizado pelo Observatório Permanente da Juventude, do Instituto de Ciências Sociais e Humanas, que foi hoje apresentado em Lisboa.
Através de um inquérito ao qual responderam 251 dos 308 municípios do continente, da Madeira e dos Açores (81,5%), os investigadores fizeram um levantamento exaustivo das políticas municipais de juventude e do que mais as preocupa.
Quando questionados sobre os principais problemas dos jovens, três em cada quatro municípios (74,4%) apontou o desemprego.
Os investigadores salientaram hoje que este é um problema que se sente mais no interior e nas ilhas), segundo o inquérito que decorreu entre o final de 2017 e o primeiro trimestre de 2018.
O trabalho precário entre os jovens foi identificado como outro dos grandes problemas por quase metade das autarquias (48,6%), sendo que, neste caso, há menos contraste entre o interior e o litoral assim como o fenómeno insularidade surge mais esbatido.
Também quase metade das autarquias referiu as dificuldades de acesso à habitação entre a população mais jovem.
Com percentagens muito mais baixas, surgem os problemas relacionados com a educação: 27,9% dos municípios apontam o insucesso escolar e 26,3% referem o abandono escolar.
Apesar destes problemas, nove em cada dez municípios (91,2%) não possuem um Plano Municipal de Juventude (PMJ).
As três grandes razões apontadas para a não existência de PMJ foram o não ser considerado uma prioridade pelas autarquias, o plano ainda estar em preparação ou em estudo ou simples falta de recursos, explicaram hoje os investigadores.
A maioria dos municípios (59,4%) não possui um orçamento específico para a área da juventude e apenas 68,5% têm um Conselho Municipal de Juventude, ou seja, um órgão consultivo específico para políticas de juventude.
O estudo hoje apresentado revelou ainda que houve algumas mudanças nas políticas prioritárias quando se compara o atual mandato com o anterior.
Se entre 2013 e 2017 a maioria das autarquias apostou em ações dirigidas para as áreas da “Educação e Formação”, entretanto o foco passou a ser o “Emprego e Empreendedorismo”.
Outra das áreas que mereceu mais atenção neste mandato foi a da “Habitação”, por outro lado nota-se uma redução na “Educação”.
A maioria dos municípios (56,2%) não possui regulamento de apoio ao associativismo juvenil, havendo muitas autarquias “que não apoiam qualquer associação de jovens”. Pela negativa destacam-se as regiões de Leiria, Algarve, Madeira e Lezíria do Tejo.
O estudo foi elaborado pelo Observatório Permanente da Juventude, do Instituto de Ciências Sociais e Humanas (OPJ/ICS-ULisboa), no âmbito da criação do Plano Nacional para a Juventude.
C/ LUSA