Marcelo Rebelo de Sousa fez este anúncio na Casa do Alentejo, em Lisboa, durante a apresentação do livro "Dêem-nos alguma coisa em que acreditar", do jornalista João Miguel Tavares, que reúne os seus dois discursos nas comemorações deste ano do Dia de Portugal, às quais presidiu.
Numa intervenção de cerca de 10 minutos, o Presidente da República afirmou que convidou João Miguel Tavares para essa função pelas "mesmas razões das escolhas dos três anos anteriores", os professores João Caraça, Manuel Sobrinho Simões e Onésimo Teotónio Almeida.
"E também da escolha para 2020: o senhor dom José Tolentino de Mendonça, arcebispo titular de Suava", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
Como razões para todas estas escolhas, apontou "a ligação pessoal a pelo menos uma das sedes" das comemorações do 10 de Junho, "a independência de pensamento, a capacidade de dar testemunho criativo e corajoso sobre o tempo vivido em Portugal".
"E, encarado o conjunto de convidados, também a afirmação do pluralismo de opiniões que deve caracterizar a nossa democracia", completou o chefe de Estado.
À saída, em declarações aos jornalistas, o Presidente da República referiu que o teólogo e poeta madeirense José Tolentino Mendonça é "uma figura conhecida pela sua independência, pela sua criatividade" e por "dar voz a setores importantes da sociedade portuguesa".
Marcelo Rebelo de Sousa considerou ainda que Tolentino Mendonça "é um homem da cultura" e "um homem do diálogo", que "valoriza a democracia portuguesa, valoriza o pluralismo na sociedade portuguesa".
"Foi uma honra ter podido aceitar, apesar das funções que exerce na Santa Sé, no Vaticano", congratulou-se.
Relativamente ao 10 de Junho deste ano, na apresentação do livro de João Miguel Tavares o chefe de Estado disse que, quando ouviu opiniões à procura de alguém de Portalegre, "todos os seus conterrâneos indicaram o seu nome, todos, de todos os quadrantes políticos".
No seu entender, o jornalista "correspondeu cabalmente, quer às razões da sua escolha, nas qualidades que o caracterizavam e caracterizam, quer à pedagogia desejada, traduzida em distinguir inequivocamente tolerância e intolerância, quer à finalidade de dar voz a anseios, preocupações e, de alguma maneira, gritos de alma, que não poderiam ficar fora da democracia".
"Como Presidente da República registo com apreço que os objetivos que tinha em mente quando o convidei, desde logo através da caixa de correio, depois explicitando esse convite também por via telefónica, foram plenamente atingidos", reforçou, agradecendo a João Miguel Tavares "o contributo que, por essa via, deu a Portugal".
O livro "Dêem-nos alguma coisa em que acreditar" é editado pela Cinco Um Zero, empresa criada pelo próprio João Miguel Tavares em parceria com o jornal ‘on-line’ Observador.
Segundo o jornalista e colunista do Público, esta obra é testemunho do seu olhar sobre Portugal e uma "conclusão simbólica" da sua participação nas comemorações do Dia de Portugal, divididas entre Portalegre e Cabo Verde.
"Eu não estou a pensar dedicar-me à política, estejam descansados, mas foi um privilégio conhecer a parte dos seus bastidores nesta aventura", disse.
Tolentino Mendonça nasceu em Machico, na Madeira, em 15 de dezembro 1965, e foi ordenado padre em 1990. No ano passado, foi nomeado pelo Papa Francisco arquivista e bibliotecário do Vaticano, com a categoria de arcebispo.
O presidente da comissão das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas discursa habitualmente no dia 10 de junho, antes do chefe de Estado.
Em 2016, ano em que tomou posse como Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa lançou um modelo inédito, acertado com o primeiro-ministro, António Costa, em que as celebrações do Dia de Portugal começam em território nacional e se estendem a um país estrangeiro com comunidades emigrantes portuguesas.
C/Lusa