“Há uma confiança na capacidade educativa da Igreja e isso é de salientar. Depois, a própria Igreja deve encontrar novas formas, novos espaços de acompanhar o campo escolar”, disse o prefeito do dicastério para a Cultura e Educação da Santa Sé, citado pela agência Ecclesia, no final de uma reunião com os bispos portugueses que se encontram esta semana no Vaticano em visita “ad limina”.
O cardeal Tolentino de Mendonça aproveitou a ocasião para defender um maior reconhecimento para a missão dos professores, frisando que precisa de ser “mais acarinhada”.
“É verdade que os professores foram deixados sós e que o seu papel social tão decisivo não é reconhecido como devia. Muitas vezes os professores veem-se sozinhos a gerir situações de grande complexidade e o esforço que fazem, todo o seu trabalho, no fundo, de transmissão, de abertura, de acompanhamento, de potenciamento dos jovens com quem trabalham, não tem o reconhecimento social ou mesmo das famílias que devia ter”, disse o responsável pelo dicastério da Cultura e Educação.
Para Tolentino Mendonça, “todas as condições necessárias devem ser cuidadas para que essa profissão, esse contributo muito grande na formação dos jovens possa acontecer de um modo sereno nas nossas escolas e na nossa sociedade”.
Na ocasião, o cardeal abordou também a temática da integração dos migrantes, defendendo que a diversidade cultural deve ser vista como “uma riqueza” na sociedade portuguesa, em vez de um “obstáculo”.
“Portugal mudou nos últimos anos e vai continuar a mudar muito. Os portugueses são também uma comunidade de migrantes, temos uma diáspora repartida nos quatro cantos do mundo e sabemos o que significa dar também o nosso contributo noutras sociedades”, disse, citado pela agência Ecclesia.
O prefeito pelo dicastério da Cultura e Educação exortou, assim, à criação de “uma sociedade intercultural de integração, onde os diversos contributos são acolhidos como um bem comum”.
“A ideia de fraternidade universal, a ideia da amizade social, não são apenas chavões para construir a realidade, são práticas da realidade nas quais todos precisamos de nos empenhar, para que Portugal também se reforce como país”, acrescentou.
A visita “ad Limina Apostolorum” é feita de cinco em cinco anos e, além de reuniões dos prelados com os diferentes dicastérios da Santa Sé, encontram-se também com o Papa, com o Código de Direito Canónico a estabelecer que “o Bispo Diocesano tem obrigação de apresentar ao Sumo Pontífice, a cada cinco anos, um relatório sobre a situação da diocese que lhe está confiada”.
O grupo desta visita é constituído por 29 membros da CEP: 20 bispos diocesanos, cinco bispos auxiliares, um bispo eleito (Beja), dois bispos eméritos (Cardeais António Marto e Manuel Clemente) e um Padre (secretário e porta-voz da CEP).