“Todos os produtores estão com problemas, seja a Pfizer, seja a Moderna, seja a AstraZeneca. A estabilização da produção ainda não está fechada”, afirmou a responsável da OMS para a área do acesso a medicamentos num debate `online´ promovido pela agência Lusa sobre as vacinas contra o novo coronavírus.
Segundo a especialista, também a Johnson & Johnson, que recebeu recentemente autorização da OMS e da Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) para a sua vacina de dose única, está “enfrentando problemas para estabilizar a produção e já avisou alguns dos países que vai entregar menos [vacinas] do que está nos contratos”.
Neste debate no âmbito da iniciativa dos “Encontros Lusa Online”, Mariângela Simão admitiu ainda ser possível que se verifique com o vírus SARS-CoV-2 “um cenário semelhante” ao da gripe, obrigando a campanhas de imunização sazonais e regulares das populações.
“Por isso é importante pensar em ter a capacidade instalada que não há agora” para a produção de vacinas, através de polos regionais, defendeu Mariângela Simão, tendo em conta que os dados conhecidos ainda não permitem aferir se a “imunidade vai ser permanente ou não”.
A subdiretora-geral da OMS adiantou também que, neste momento, existem mais de 2.500 estudos no mundo sobre terapias diferentes para combater o SARS-CoV-2 e considerou que apenas no final do ano haverá perspetivas de “ter alguma coisa” em concreto nesta matéria.
Sobre a criação de um passaporte de vacinação para facilitar a circulação de pessoas, Mariângela Simão reiterou que, neste momento, esta “não é a melhor medida porque torna o mundo mais desigual do que já é”, devido à baixa cobertura de vacinação no mundo, uma vez que cerca de 70% das mais de 300 milhões de doses administradas no mundo foram em apenas 10 países.
Além disso, os dados científicos disponíveis indicam que as vacinas contra a covid-19 não impedem que uma pessoa vacinada transmita o vírus a outras, disse a responsável da OMS.
C/Lusa