A primeira-ministra britânica, Theresa May, propôs hoje à União Europeia (UE) um período de transição de dois anos após a saída britânica do bloco comunitário, processo conhecido como Brexit, num discurso proferido em Florença (Itália).
Durante este período de transição, as relações entre a UE e o Reino Unido permanecerão inalteradas, de forma a assegurar uma saída “harmoniosa e ordenada” do país do bloco comunitário, indicou Theresa May.
Este discurso de May em Florença era aguardado com grande expectativa.
Durante a semana, o gabinete da primeira-ministra britânica indicou que a política ia apelar ao "sentido de responsabilidade” dos líderes europeus para avançar nas negociações para a saída do Reino Unido da UE e encontrar um acordo satisfatório para ambas as partes.
"Se pudermos fazer isso, então, quando este capítulo da nossa história europeia estiver escrito, será lembrado não pelas diferenças que enfrentámos, mas pela visão que mostrámos; não pelos desafios que perdemos, mas pela criatividade que usámos para superá-los; não por um relacionamento que acabou, mas uma nova parceria que começou", segundo excertos do discurso de Theresa May revelados durante esta semana.
Na intervenção hoje proferida naquela cidade italiana, May disse que o sucesso das negociações do ‘Brexit’ será “no interesse de todos”.
“Estamos a atravessar um período crítico", mas "quando nos reunimos, podemos alcançar bons resultados", declarou a líder britânica, acrescentando que deseja alcançar um futuro “melhor” para todos os cidadãos europeus.
O Reino Unido deve deixar a UE a 29 de março de 2019, ou seja, dois anos após o início do processo de divórcio liderado pelo governo conservador de Theresa May.
O tecido económico britânico tem defendido a existência de um período de transição após essa data, de forma a ter tempo de negociar uma nova parceria.
Em Florença, e sobre um dos principais pontos de bloqueio nas negociações do Brexit, Theresa May assegurou que o Reino Unido irá honrar os seus compromissos financeiros após a saída da UE, mas sem avançar números.
May sublinhou que nenhum país deveria “pagar mais ou receber menos” no âmbito do atual orçamento comunitário, em vigor até 2020, numa altura em que a UE reclama uma fatura total para a saída britânica que oscila os 60 mil milhões e os 100 mil milhões de euros.
Os ‘media’ britânicos chegaram a avançar que a primeira-ministra ia sugerir que o Reino Unido contribuísse com 20 mil milhões de euros nos próximos dois anos para o orçamento europeu para continuar a ter acesso ao mercado único durante esse período. No entanto, a política britânica não indicou números em Florença.
A primeira-ministra também anunciou que deseja que os tribunais britânicos “tenham em consideração” as deliberações do Tribunal de Justiça da União Europeia nas suas decisões relativas a direitos de cidadãos europeus após o Brexit.
"Quero integrar o nosso acordo [de saída da UE] na lei britânica e garantir que os tribunais britânicos possam referir-se diretamente a ele (…) e possam referir o Tribunal de Justiça da União Europeia”, afirmou.
LUSA