“A decisão sobre a necessidade de uma terceira dose terá que ser tomada com base em dados da proteção que as vacinas continuam a manter contra a doença que é causada por esta infeção e não por dados serológicos”, afirmou o especialista em resposta aos jornalistas sobre este tema na conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a vacinação das crianças entre os 12 e os 15 anos, onde esteve presente a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
Segundo Luís Graça, membro da Comissão Técnica de Vacinação covid-19, existe “uma grande unanimidade” nas diferentes agências que se pronunciam sobre as vacinas em relação à inadequação de testes serológicos para decisões sobre a vacinação.
“Os testes serológicos não estão recomendados em Portugal nem nos outros países para ser base para a tomada de decisões sobre o estado de proteção conferido pelas vacinas contra a covid-19”, disse, sustentando que “a eficácia e a efetividade das vacinas não podem ser medidas exclusivamente” por estes testes.
Um estudo realizado por investigadores do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra revelou que a proteção contra a covid-19 cai três meses após a vacinação completa, tendo levado vários especialistas a defender a realização de testes serológicos junto de grupos populacionais que foram vacinados há mais tempo, como foi o caso dos professores e funcionários das escolas.
Luís Graça lembrou que os ensaios clínicos que foram a base da autorização da utilização das vacinas não se basearam em serologia, mas sim na eficácia das vacinas em prevenir infeções e prevenir a doença causada por essa infeção em pessoas vacinadas.
“Quer em Portugal quer em outros países há uma monitorização contínua da efetividade das vacinas que vão sendo administradas na população para verificar se existe uma perda de efetividade, que se mede com o aumento do número de infeções, e se isso deve condicionar medidas para reforçar a proteção de grupos populacionais onde esta efetividade possa estar a decair”, vincou Luís Graça.