A empresa norte-americana Arconic anunciou hoje a suspensão da venda, para uso em edifícios altos, do revestimento inflamável usado na torre Grenfell, em Londres, em cujo incêndio morreram pelo menos 79 pessoas a 14 de junho.
"A Arconic vai suspender a venda do Reynobond PE para uso nos edifícios altos. Pensamos que é a decisão correta, por causa da disparidade de regulamentação em todo o mundo e das questões levantadas pela tragédia da torre Grenfell", declarou um porta-voz da empresa, precisando que a decisão diz respeito a prédios com uma altura superior a cerca de 12 metros.
Os painéis de isolamento exterior da torre Grenfell, que ardeu na madrugada de 14 de junho, são os presumíveis responsáveis pela rápida e violenta propagação das chamas a todo o edifício.
Esses painéis, formados por placas de compósito de alumínio e polietileno (plástico), foram igualmente utilizados para revestir centenas de outros prédios no Reino Unido.
No âmbito de uma grande operação de verificação realizada após a tragédia, o Governo britânico identificou até agora 75 edifícios que não estão em conformidade com as normas de segurança, tendo as autoridades evacuado vários deles nos últimos dias, por receio de mais incêndios.
"Estimamos em cerca de 600" as torres com um revestimento semelhante, declarou hoje no parlamento o secretário de Estado das Comunidades e Administração Local, Sajid Javid, que se disse preocupado com a lentidão dos testes, tanto mais que os primeiros resultados são alarmantes.
Os primeiros 75 prédios inspecionados foram todos declarados não conformes com as normas anti-incêndio, sublinhou o ministro, apontando "uma falha catastrófica".
Escolas e hospitais vão igualmente ser verificados para garantir que não estão revestidos com um material altamente inflamável, acrescentou um porta-voz da primeira-ministra, Theresa May.
Dos 79 mortos ou presumivelmente mortos na torre Grenfell, 18 foram identificados, segundo um comunicado da polícia hoje divulgado.
As autoridades temem que o balanço da tragédia se agrave mais ainda, devido a dificuldades em obter um número definitivo de desaparecidos e à impossibilidade de encontrar mais cadáveres no imóvel, porque muitos deles ficaram reduzidos a cinzas.
"Só podemos sublinhar em que ponto estamos, numa operação complexa em termos de identificação e recuperação dos corpos", disse hoje a médica-legista Fiona Wilcox, na abertura de um inquérito público sobre o incêndio.
Entre as 18 pessoas identificadas, está um menino de cinco anos que vivia com a família no 18.º andar. O seu corpo foi encontrado cinco andares mais abaixo e identificado devido aos registos dentários. De acordo com os investigadores, ele morreu em consequência da inalação de fumo.
LUSA