Para a organização, que trabalha em associação com o WWF – Fundo Mundial para a Natureza, através de uma alteração no sistema alimentar será “possível reverter a perda de biodiversidade global e mitigar os efeitos das alterações climáticas”.
“Continuamos a precisar de um instrumento de política agrícola que também seja um instrumento de política ambiental, e não a principal causa da destruição da biodiversidade. Uma Lei para Sistemas Alimentares Sustentáveis deverá ser o caminho para garantir um futuro sustentável para a vida selvagem, os ecossistemas e as pessoas”, indica num comunicado a propósito do lançamento do seu tradicional “Balanço e Tendências Ambientais” anual.
O texto analisa os principais pontos negativos e positivos do ano que está a terminar, tanto em Portugal como a nível global, fazendo ainda uma antevisão das tendências ambientais para o próximo.
Em relação a estas, ANP considera que 2023 “tem de ser o ano para uma transição alimentar que não esgote os recursos hídricos, que aposte numa menor pegada carbónica e que respeite as florestas produtivas e sequestradoras de carbono”.
No próximo ano, a organização não-governamental de ambiente (ONGA) espera que seja aprovada a Lei do restauro da Natureza, adiantando que continuará “a reforçar o pedido para que Portugal declare uma moratória à mineração em mar profundo enquanto os seus impactos não forem analisados”.
Refere ainda que a independência energética ambicionada pela União Europeia é um tema que vai acompanhar, “por temer que seja reduzida a exigência ambiental dos projetos de renováveis” para se atingir aquele fim.
Em relação a 2022, a ANP/WWF considera que foram dados passos importantes, como sejam a proposta de lei europeia para o Restauro da Natureza, a aprovação da lei da Desflorestação, a criação de um acordo global para para combater a poluição por plásticos e “o compromisso de Portugal para a criação e implementação de um Plano de Ação Nacional para a Gestão e Conservação dos Tubarões e Raias”.
No entanto, “estes esforços ficam aquém dos estragos já causados e precisam de ser reforçados e acelerados”, salienta Ângela Morgado, diretora executiva da associação, citada no comunicado.
“Em 2022, confirmámos que aumentou para 69% a diminuição da abundância das populações de espécies animais e vertebradas (…) e que Portugal é o segundo maior exportador mundial de carne de tubarão, pondo em risco a espécie”, além de se ter tornado “ainda mais visível e sentida” a escassez de água, adianta.
Na mesma linha, Catarina Grilo, diretora de Conservação e Políticas da ANP, considera ser “urgente fazer mais e melhor”.
“A ciência já nos dá as ferramentas, apenas as temos de implementar”, refere no comunicado.
Lusa