“Quando nós falamos de um absentismo tão elevado, podemos dizer que pode haver uma rutura de recursos humanos a qualquer momento”, disse Pedro Costa, que falava à Lusa em Aveiro, no final de uma reunião com a administração do Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV).
De acordo com o presidente do SE, o absentismo no SNS em 2022 aumentou 54% comparativamente a 2019.
“Estamos a falar de mais de três milhões de dias gastos com absentismo e isso preocupa numa altura em que os recursos humanos são tão necessários”, afirmou.
O dirigente sindical referiu ainda que o CHBV, que reúne os Hospitais de Aveiro, Águeda e Estarreja, “não é imune a esta situação”, adiantando que a situação pode agravar-se no verão, “quando este tipo de centros hospitalares duplica a sua assistência”.
“Se o absentismo se mantiver a estes níveis, podemos ter efetivamente uma rotura a nível de assistência na prestação de cuidados, porque temos de manter cirurgias, tratamentos e consultas com os mesmos profissionais que hoje estão a faltar”, afirmou.
Pedro Costa disse ainda que os enfermeiros têm vindo a colmatar estas faltas com a realização de horas extraordinárias, mas advertiu que isto não pode estender-se a longo prazo, devido ao risco de haver uma “exaustão a nível físico e emocional” desses profissionais.
O sindicalista defendeu uma valorização destes funcionários, afirmando que, se os profissionais de saúde estiverem motivados e com os seus problemas resolvidos, é possível “de alguma forma mitigar este absentismo e aumentar o seu nível de satisfação”.
Na reunião com o conselho de administração do CHBV foram discutidos vários problemas que preocupam os enfermeiros, nomeadamente o não pagamento do subsídio extraordinário de risco covid-19 aos enfermeiros que trabalham no serviço de obstetrícia.
“Isto é algo que também nos preocupa, porque é um serviço vital no hospital e esta situação pode desmotivar ainda mais estes profissionais”, disse o dirigente, afirmando que o sindicato vai saber o que os enfermeiros pretendem fazer em termos de protesto.
Outro dos problemas que esteve em cima da mesa foi o gozo de mais um dia de férias por cada 10 anos de serviço, para os enfermeiros com contratos individuais de trabalho, um assunto que, segundo Pedro Costa, “também não está resolvido”.
Lusa