“Não precisámos de ser adivinhos para saber que ao longo deste ano vai haver muita dificuldade e vai haver inevitavelmente alunos que vão estar períodos, que podem ser mais ou menos longos, sem professores e também eventualmente sem educadores”, disse à agência Lusa o presidente do SPM, Francisco Oliveira.
Numa “análise prévia” à abertura do ano letivo na região, que começou na segunda-feira com o 1.º ciclo do ensino básico e decorre de forma gradual até sexta-feira, o sindicalista sinalizou como outro aspeto negativo a “obsessão” das autoridades regionais em iniciar as atividades antes do continente.
“Nós estamos a tentar aferir o que está a acontecer nas escolas e o que podemos dizer com todo o rigor, neste momento, é que mais de metade dos grupos disciplinares do 2.º, 3.º ciclos e secundário já não têm ninguém para colocar, não têm reservas”, disse, para logo reforçar: “O ano até poderá arrancar com professores para todos os alunos, mas infelizmente sabemos que ao longo do ano haverá dificuldades em que isso aconteça.”
De acordo com dados da Secretaria da Educação, Ciência e Tecnologia, o sistema regional dispõe este ano de 5.800 professores para 39.940 alunos, dos quais cerca de 10.000 frequentam estabelecimentos de ensino privados, e 4.000 funcionários não docentes.
Em declarações à Lusa, o secretário regional, Jorge Carvalho, afirmou que não há falta de docentes em qualquer disciplina, explicando que foram contratados 398 para colmatar “necessidades ao nível de vagas provenientes de baixas médicas” e também devido às aposentações e à saída de profissionais do sistema regional.
Já o presidente do Sindicato dos Professores da Madeira considera que a contratação de 398 professores é “insuficiente”, precisamente face ao número de profissionais que saíram do sistema – cerca de 200, entre idas para o continente e aposentações.
Francisco Oliveira observa que, por isso, dificilmente todos os alunos na região autónoma terão sempre professor até ao fim do ano letivo, embora reconheça haver um esforço nesse sentido.
“Se no continente os números são assustadores – atualmente já falamos em mais de 200 mil alunos sem professor pelo menos numa disciplina –, na Madeira está a ser feito todo o esforço para que isso não aconteça”, disse, acrescentando que tal representa também um “esforço de sobrecarga dos professores”.
O sindicalista sublinhou, no entanto, que todos os agentes educativos manifestam uma “vontade muito grande” de criar condições para uma “abertura do ano tão tranquila quanto possível”, mas, por outro lado, critica as autoridades regionais pelo que classifica como “obsessão levada ao extremo” de começar o ano letivo rapidamente.
“A Madeira tradicionalmente abria as atividades letivas depois do continente. Agora é ao contrário”, disse, para logo considerar que isso gera “muitas perturbações” e “muito trabalho de bastidores” no decurso das primeiras semanas.
No continente, as aulas terão início entre quinta e segunda-feira (dias 12 e 16).
Lusa